'Nunca nos deram atenção na França', diz letrista do Phoenix
A banda francesa Phoenix, que se sente estrangeira no próprio lar, experimenta novo patamar de reconhecimento neste ano.
A boa fase começou há dois meses, no festival Coachella (Califórnia), nos EUA, onde o grupo foi o destaque do segundo dia de apresentações. Naquele abril, acabara de ser lançado o quinto álbum dos franceses, "Bankrupt!" (falido, em português).
Para efetivamente tomar o globo, porém, o quarteto terá de começar pela própria França, mercado ainda indiferente ao som "synthpop" do Phoenix, baseado em mescla roqueira de folk e eletrônica --herança dos tempos do guitarrista Laurent Brancowitz na banda Darlin', fragmento arqueológico do duo Daft Punk.
Divulgação | ||
Thomas Mars (à esq.), Laurent Brancowitz, Christian Mazzalai, e Deck d'Arcy, da banda francesa Phoenix |
As letras de Thomas Mars, 36, repousam em metáforas pouco rigorosas e trançadas em inglês. O abismo linguístico --agravado em uma nação avessa a idiomas que não o próprio-- ilustra o desafio.
"A língua é uma questão nova; nunca nos deram atenção na França", desabafou ao telefone Mars, falando de Hamburgo, na Alemanha, onde a banda tocaria no último dia 11. Em contraste com a pronúncia límpida dos versos em inglês do disco, Mars tropeça nos "erres" durante a entrevista.
Para o Phoenix, "Bankrupt!" virou o jogo. Rendeu elogios de veículos como "Figaro" e "Le Monde", que só citavam a banda lateralmente, como quando Mars e a diretora Sofia Coppola se casaram.
O disco também garantiu turnê que já soma 67 datas neste ano. Haverá escalas no Brasil? "Talvez em 2014, mas, com certeza, sim", afirma Mars, fã de bossa nova.
O quarto álbum, "Wolfgang Amadeus Phoenix", de 2009, vendeu 90 mil cópias na França, mas atingiu 300 mil no resto do mundo, 70% delas nos EUA. Numa comparação, o Coldplay --commodity cobiçada no pop rock-- vendeu 573 mil unidades de seu último disco só em 2011.
"Toda banda tem seu relógio interno, e o nosso é bem específico. A cada vez que voltamos ao estúdio, esquecemos como escrever", diz, sobre o lapso entre os discos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Catapultado por totens da crítica alternativa, como "NME" e "Pitchfork", o trabalho anterior recebeu ainda o Grammy de melhor álbum alternativo em 2010.
A relação com o público dos EUA se estreitou em 2009, quando o grupo foi o primeiro francês a estrelar o programa "Saturday Night Live". A trilha do novo filme de Coppola, "Bling Ring: A Gangue de Hollywood", que estreia no Brasil em agosto, tem a faixa-título de "Bankrupt!".
Questionado se vídeos como o da canção "Entertainment" são atravessados por um discurso político, Mars responde: "Sim, mas de forma poética. Queremos existir não só como artistas".
BANKRUPT!
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