'Estilista que se diz artista deve exibir sua roupa no museu', critica dona de grife
A estilista Raquell Guimarães, dona da marca mineira de tricô Doisélles, critica a ideia apresentada no projeto de Pedro Lourenço de que um desfile de moda é uma "exposição de artefatos artísticos".
"A roupa por si só não é arte. Estilista que se intitula artista tem de vender para colecionador e colocar sua roupa no museu", dispara.
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"Se o designer entregar ao público um show artístico, aí sim justificará o incentivo. Mas se a plateia sair com vontade de comprar roupa, se transforma num evento comercial," diz Guimarães.
A separação entre marcas "autorais" e "comerciais" é um dos critérios usados pelo Ministério da Cultura para definir quais projetos podem receber incentivos no setor da moda.
Paulo Vainer/Divulgação | ||
Look de estilista Pedro Lourenço apresentado em Paris, na última semana de moda |
Dono da grife de moda jovem TNG, o empresário Tito Bessa, que já se declarou contrário a essa classificação em outras ocasiões, afirma agora achar "maravilhosa" a possibilidade que criadores recebam incentivo fiscal. "Isso estimula a indústria", afirma.
No entanto, o empresário salienta que, com a aprovação, o ministério precisará abrir esse tipo de ação "para todas as marcas".
Há 11 anos apresentando suas criações nos desfiles da semana de moda de Nova York, o estilista brasileiro Carlos Miele também recebeu com entusiasmo a notícia da aprovação do projeto que dá ao colega Pedro Lourenço o direito de captar recursos para seus desfiles em Paris: "Diante da crise que se instalou na moda brasileira, subsídios como esse são essenciais para salvá-la".
"Se o governo ajuda tanto o cinema, tem que ajudar a moda também. Eu não vou desfilar nesta temporada internacional porque está difícil conseguir patrocínios no exterior", diz Miele, que não descarta a possibilidade de tentar, ele também, se beneficiar da Lei Rouanet.
O designer diz ter conseguido apresentar sua última coleção na temporada novaiorquina devido a um subsídio recebido por meio do conselho norte-americano de designers internacionais.
Já o estilista Amir Slama criticou o subsídio.
"É um valor alto, não se pode negar. Esse dinheiro poderia ir para outros projetos, mais importantes para a moda nacional", afirma Slama.
Mas ressalta: "Não acho errado incentivar mentes criativas como a dele. A moda é uma expressão importante da cultura e um desfile em Paris, apesar de não ser exatamente o que precisamos para desenvolver a indústria de moda, ajuda a divulgar nossa criação".
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