Parte dos índios deixa Belo Monte, mas obra segue paralisada
Dos cerca de 180 índios que invadiram há oito dias o principal canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, 35 deles deixaram o protesto na noite de ontem, terça-feira (7), mas a obra continua paralisada em Vitória do Xingu, a 954 km de Belém.
Os índios que saíram do canteiro são das etnias juruna e arara. Permanecem na manifestação, que começou no dia 2, os índios mundurucu, que são a maioria.
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Em nota, a empresa Norte Energia, responsável pela usina, disse que o grupo de 35 indígenas saiu após negociação intermediada por representantes da Fundação Nacional do Índio e diretores da empresa.
Não foi informado se as reivindicações deles foram aceitas, mas a Norte Energia disse que assumiu compromisso que está dentro das demandas solicitadas à empresa.
Os mundurucu e as outras etnias dizem ter uma pauta de reivindicações para o governo federal, como a regulamentação do mecanismo de consulta prévia sobre obras que interfiram em terras indígenas, paralisação de obras e estudos de hidrelétricas nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires e suspensão do envio de tropas da Força Nacional de Segurança às comunidades.
Eles pediram a presença do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, mas o órgão informou que só irá negociar com os índios quando eles desocuparem o canteiro.
Por telefone, o índio Cândido Munduruku disse que 140 índios seguem dentro do canteiro de obras. No grupo, há mulheres e crianças. Ele afirmou que desde onbtem a segurança da obra impede a entrada de gás de cozinha, usado no preparado da alimentação dos manifestantes.
Ele rebateu as críticas da Secretaria-Geral da Presidência, que afirmou que os índios munducuru não são sérios e não querem negociar. O Planalto relacionou um dos líderes do movimento ao garimpo ilegal no Tapajós, cuja manutenção estaria por trás dos interesses do grupo.
"Tudo isso é mentira. O garimpo está desativado desde o fim de 2012. Eles fazem pressão para deixarmos o canteiro, mas não vamos sair até que Gilberto Carvalho venha aqui", afirmou Cândido Munduruku.
A Secretaria-Geral da Presidência disse ainda que Carvalho se colocou a disposição dos índios por duas vezes para discutir mecanismos de consulta prévia sobre obras de hidrelétricas nos rios Tapajós e Teles Pires.
Afirmou que os índios chegaram a viajar a Brasília em fevereiro, custeados pelo Planalto, e não apareceram em reunião marcada com o ministro --também faltaram, segundo a pasta, a outra reunião, em abril, em Jacareacanga (PA).
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