Com maior procura, empresários investem em produtos sem glúten
O crescente interesse dos brasileiros por alimentos sem glúten, seja por restrição médica ou por desejo de emagrecer, tem atraído pequenos empreendedores.
"As marcas estão ganhando as gôndolas dos grandes supermercados, e os produtos estão ficando mais acessíveis. É um mercado que vai se consolidar totalmente nos próximos dois anos", diz Gustavo Negrini, diretor do Gluten Free Brasil, evento anual que reúne empresas do setor em São Paulo.
Segundo ele, o mercado cresceu entre 30% e 40% no último ano.
O glúten é a principal proteína presente em cereais como trigo, aveia e cevada. Seu consumo é proibido para quem tem a doença celíaca, que causa intolerância à proteína, e evitado por quem quer emagrecer, já que está presente em carboidratos calóricos como pães e bolachas.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Mariana Abib na padaria Lilóri, em São Paulo |
Incentivada pela busca de maior variedade de alimentos deste tipo para seu filho celíaco, Mariana Abib, 32, criou a Lilóri, padaria artesanal especializada em produtos sem o elemento.
Os alimentos são feitos com ingredientes como fubá, polvilho e grão de bico.
"A parte mais difícil é a escolha dos fornecedores. Nós avaliamos todo o processo, desde a plantação até o transporte. Também fazemos testes na cozinha para conferir se o produto contém glúten", explica a empresária.
O cuidado é para evitar a contaminação cruzada, quando o alimento entra em contato com algo que contém a proteína.
Estima-se que haja 2 milhões de intolerantes ao glúten no Brasil.
A Lilóri foi inaugurada em agosto do ano passado e pouco tempo depois ganhou uma versão food truck. Nos primeiros 12 meses, o faturamento foi de R$ 2,5 milhões e Abib espera crescer mais de 40% no próximo ano.
O diagnóstico da doença celíaca também foi o incentivo para o empresário Wladimir Azevedo, 43, investir neste nicho de mercado.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
Luis Fontes (atrás), Henrique Zanuzzo (esq.) e Lucas Martins, da Gluten Free Box |
Em 2012, ele criou a loja virtual Empório Sem Glúten. Em um ano, faturou R$ 500 mil.
Este mês, Azevedo inaugura sua primeira loja física, no Rio. "O mercado tem crescido bastante com a demanda de pessoas que querem uma dieta mais saudável", diz.
Para Negrini, conquistar esse cliente exige uma oferta mais variada de produtos, como integrais, orgânicos e sem lactose. "São consumidores engajados, que lêem os rótulos e não querem somente um produto sem glúten, mas alimentos nutricionalmente melhores."
Lucas Marin, 26, e Henrique Zanuzzo, 26, investiram na comodidade ao criar, em outubro de 2014, o clube de assinaturas Gluten Free Box, que entrega os produtos periodicamente em casa.
"A recepção ao negócio foi boa desde o início. Os celíacos são um público bem engajado e recomendam o serviço um para o outro", explica Zanuzzo. O clube tem mais de mil assinantes.
Para conseguir preços mais baixos do que os do varejo tradicional, o Gluten Free Box oferece serviço de marketing para os produtores. "Nós ajudamos as marcas a chegar aos consumidores", diz Zanuzzo.
O empresário afirma que a maior dificuldade de trabalhar no setor é a pouca variedade de produtos.
"A maior parte da produção é artesanal já que essa é uma indústria que ainda está em expansão", conta o empresário.
"A maioria dos nossos fornecedores é de pequeno porte e não consegue produzir na velocidade compatível com uma empresa de venda na internet. É um momento de profissionalização do setor", afirma Zanuzzo.
Cuidados para investir no setor:
FORNECEDOR
O cuidado deve começar com a matéria-prima. Fique atento aos processos de produção, armazenamento e transporte.
PRODUÇÃO
Alimentos sem glúten devem ser produzidos em ambiente separado, para evitar qualquer contato com produtos que contenham a proteína.
EMBALAGEM
Resolução da Anvisa exige que o rótulo dos alimentos informe a presença ou não de glúten nos ingredientes.
CONSULTA
Médicos e nutricionistas podem ajudar a identificar que tipo de produto está em falta no mercado para celíacos e como produzi-lo.
CLIENTE
Se o foco são aqueles que querem uma dieta mais saudável, invista também em outras características procuradas, como integrais, sem lactose e orgânicos.
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Atualizado em 24/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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