Empresas alugam cabines para quem quer tirar um cochilo no meio do dia
Alicia Jankavski é uma defensora dos cochilos no meio do dia. "Dormir por alguns minutos pode mudar a dinâmica do dia inteiro", diz.
Parte do ativismo, ela não nega, tem a ver com negócios.
Ela e o marido, Marcelo Von Ancken, são sócios da Cochilo, rede de hospedagem de curta duração em cabines individuais que tem duas unidades em São Paulo -Itaim-Bibi, na zona oeste, e na Sé, no centro.
Divulgação | ||
Cabine da Siesta Box, de Recife, que oferece hospedagem de curta duração no aeroporto |
O Cochilo recebe cerca de 35 hóspedes por dia, que pagam R$ 17 por 45 minutos em cabines climatizadas e com isolamento acústico.
"As pessoas estão trabalhando mais por conta de demissões em empresas, estão mais cansadas", diz.
A unidade do centro, inaugurada em dezembro de 2013, tem 20 cabines. A do Itaim foi inaugurada um ano depois e conta com 17 camas.
"Nem todo mundo dorme. Há quem pratique meditação e até mães que querem a privacidade para amamentar", conta Jankavski.
Entre os que escolhem dormir em meio ao dia de trabalho, ainda há muito preconceito. "Tem gente que vem aqui e diz que o chefe não pode saber", afirma a empresária.
No Rio, o Pausadamente, fundado em 2010, oferece serviço semelhante. Segundo a gerente Erica Brunner, 80% da clientela é composta por advogados que trabalham na região central da cidade.
Bruno Santos/Folhapress | ||
Alícia Jankavski é a proprietária da rede Cochilo, onde há cabines para as pessoas dormirem por até uma hora, na região central e no Itaim-Bibi |
O período de 40 minutos, chamado de "Power Nap" (cochilo poderoso, em tradução livre), sai por R$ 40.
A rede vende também pacote mensal por R$ 165 que dá direito a 40 minutos diários.
"No fim de expediente, tem gente que fica aqui só para esperar o metrô esvaziar", afirma Brunner.
EM TRÂNSITO
Na rede de hotéis Transamérica, que passou a vender pacotes por horas fracionadas por meio do aplicativo Hotel Quando, especializado nesse tipo de reserva, o modelo tem feito sucesso.
"Atraímos muitos hóspedes que estavam indo das reuniões para o aeroporto ou para restaurantes a fim de não pagar diárias de hotel", diz a gerente de contas da Transamérica, Maity Hirata, 30.
O aeroporto também oferece opções de sonecas.
O Fast Sleep Slaviero recebe cerca de 60 mil hóspedes por ano no terminal de Cumbica, em São Paulo, segundo Paulo Brazil, diretor de vendas e marketing da rede.
Por lá, há quartos com beliche, banheiro privativo ou compartilhado e conexão wi-fi. O valor por hora, na parte da manhã, é de R$ 79.
O local oferece também serviço para quem quer só tomar banho, por R$ 47.
A rede estuda levar o modelo a outros aeroportos no Brasil e na América Latina.
No Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, a Siesta Box investe no design moderno e no autosserviço para fisgar clientes.
Os sócios Tuca Paes de Andrade e Boris Wolfenson investiram cerca de R$ 1 milhão para desenvolver o projeto das cabines revestidas com alumínio e aço escovado e isolamento termoacústico.
Os hóspedes pagam R$ 39 na primeira hora -60 minutos adicionais custam R$ 15. As compras podem ser feitas com cartão, por meio da tela acoplada à porta das cabines, ou por computador.
Divulgação | ||
Visão externa da Siesta Box, de Recife, que oferece hospedagem de curta duração no aeroporto |
"Recebemos cerca de 2.000 pessoas por mês", diz Wolfenson. Ele vai inaugurar mais seis cabines em Recife neste mês e outras dez no aeroporto do Galeão, no Rio, até o fim de junho.
O empresário negocia também levar o negócio aos aeroportos Viracopos, em Campinas, e Juscelino Kubitscheck, em Brasília.
A partir de outubro, a Siesta Box venderá o modelo de cabines de cochilos como franquias.
LIMPEZA E SEGURANÇA
Para quem oferece hospedagem de curta duração, a limpeza e a segurança são dois pontos fundamentais, diz o coordenador do curso de hotelaria do Centro Universitário Senac, Rodrigo de Castro.
"O consumidor brasileiro já não é habituado a esse tipo de empreendimento. Se houver dúvida em relação à limpeza, fica ainda mais difícil conquistá-lo", afirma Castro.
Alícia Jankavski, da rede Cochilo, descreve como quase absurda sua atenção com a higienização.
"Assim que o hóspede sai, trocamos toda a roupa de cama e limpamos com álcool tudo que puder ter sido tocado", diz.
Nas cabines da Siesta Box, em Recife, também há um cuidado redobrado com a questão.
"Aplicamos uma higienização de nível hospitalar, com produtos que são usados em UTIs na Alemanha", diz o proprietário Boris Wolfenson.
Quanto à segurança, os empreendimentos localizados em aeroportos precisam ser ainda mais cuidadosos, afirma Castro, do Senac.
"São locais onde há gente de todo mundo e alta circulação de pessoas. O hóspede tem que se sentir protegido dentro de sua cabine ou de seu quarto", diz.
A garantia de tranquilidade também é importante. Por isso, todos os empreendimentos investem em bons sistemas de isolamento acústico.
O Fast Sleep Slaviero, do aeroporto de Cumbica, em São Paulo, vai fazer alterações nas cabines após receber críticas devido a barulho no site de avaliações TripAdvisor.
"Detectamos o problema e vamos trabalhar nessa questão", afirma o diretor de vendas e marketing, Paulo Brazil.
Até a hora de avisar ao cliente que o período da soneca acabou deve ser bem planejada para não assustar quem dorme.
No Cochilo, a cama vibra três vezes e luzes são acesas lentamente para despertar.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 07/05/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,57% | 129.210 | (17h34) |
Dolar Com. | -0,13% | R$ 5,0672 | (17h00) |
Euro | -0,34% | R$ 5,4502 | (17h31) |