Em Roda Velha, moradores ainda resistem em sair da beira do rio
Sentado na varanda de sua casa, Cândido Alves dos Anjos, o "pai velho", já viu muita vida –e lavoura– passar diante de seus olhos.
Com 100 anos, lembra de quando Roda Velha, hoje rodeada de fazendas de algodão, se resumia a poucas casas e roçados na beira do rio. "Para chegar de uma casa a outra, era só mato", diz.
Ele vive em uma rua asfaltada, e seus filhos e netos têm celular –mas só usam aplicativos de mensagem, porque o sinal de telefone ainda não chegou à vila.
A maioria dos seus 150 descendentes –de filhos a bisnetos– trabalha na agricultura. Parte comprou comércio ou migrou para serviços, como transporte escolar, em função da renda adquirida nas fazendas.
Mas ainda moram na beira do rio, que é limpo, e cultivam uma pequena roça.
Apesar de reconhecerem os avanços na comunidade, moradores ressentem-se da riqueza da Roda Velha "de Cima", onde vive a maioria dos fazendeiros. Lá há três escolas particulares. Embaixo, só uma pública.
"A única vantagem das fazendas são empregos, porque contribuir com a comunidade, nada", diz Cristiane Cruz, diretora da escola.
O subprefeito de Roda Velha, Ari Mário Mrovinski, discorda: "Quase 70% da receita do município vem das fazendas. Isso ajuda no desenvolvimento da cidade".
O fazendeiro Célio Zuttion diz que produtores doam para festas e igrejas e estão integrados à comunidade.
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