Venezuela será incorporada ao Mercosul em 31 de julho
A Venezuela será incorporada ao Mercosul em reunião especial que será realizada em 31 de julho no Rio de Janeiro, anunciou nesta sexta-feira a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, no âmbito da Cúpula de chefes de Estado do bloco.
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O acordo tem a assinatura dos líderes de Brasil, Uruguai e Argentina (membros pleno do Mercosul). O Paraguai, que não havia ratificado essa decisão em seu Parlamento, está suspenso do bloco devido à deposição do ex-presidente Fernando Lugo.
Leo La Valle/Efe | ||
Cristina Kirchner fala durante cúpula do Mercosul; Venezuela é aceita no bloco |
O país governado por Hugo Chávez pediu para entrar no Mercosul em 2005, em uma cúpula de presidentes realizada em Caracas. Desde então, Brasil, Argentina e Uruguai aprovaram a incorporação nos poderes Executivo e Legislativo. A aprovação pelo Paraguai estava pendente desde 2009.
A presidente também anunciou a suspensão do Paraguai dos órgãos do bloco até que se celebrem as eleições nesse país em abril de 2013, mas não serão aplicadas sanções econômicas.
"O Mercosul suspendeu temporariamente o Paraguai até que seja realizado o processo democrático que novamente instale a soberania popular nesse país", disse Kirchner ao encerrar a reunião.
ABERTURA
No discurso de abertura da cúpula, Cristina afirmou lamentar "os fatos de conhecimento público" no Paraguai --ou seja, a destituição do presidente Fernando Lugo na sexta-feira da semana passada--, e a consequente ausência do país do encontro de hoje.
Por outro lado, disse que precisava esclarecer a posição de seu governo sobre a questão paraguaia, segundo ela, "para evitar qualquer tipo de distorção e manipulação".
Leo La Valle/Efe | ||
Cristina Kirchner (à esq.), presidente Dilma Rousseff e José Mujica, presidente do Uruguai, durante cúpula |
"De nenhum modo propiciaremos nem aceitaremos sanções econômicas contra o Paraguai", disse Cristina. "As sanções econômicas nunca são pagas pelo governo, mas pelo povo."
Nos dias anteriores à cúpula, bastidores indicavam que a presidente argentina pressionava pela aplicação de sanções econômicas contra o Paraguai. Já Brasil e Uruguai defendiam a imposição de punições apenas políticas.
A recomendação dos chanceleres, adotada após reunião ontem, é que a suspensão do país do Mercosul seja prorrogada, possivelmente até a realização de novas eleições, em 2013. Daí o "esclarecimento" de Cristina.
PILARES DA CIVILIZAÇÃO
A presidente argentina, porém, não poupou críticas ao processo de impeachment que derrubou o ex-presidente paraguaio.
"Não há no mundo um julgamento político que dure dois dias e que ademais não ofereça possibilidade de defesa", afirmou. "A garantia do devido processo é um dos pilares da civilização ocidental."
A presidente disse ainda que, apesar das várias diferenças entre os países do Mercosul e da Unasul, a posição dos blocos foi unânime quando se tratou de rupturas democráticas na região.
"Estamos defendendo que não se instalem os golpes suaves, de movimentos que, sob a pátina de certa institucionalidade, nada mais são que uma quebra da ordem constitucional", afirmou, citando por fim o escritor Jorge Luis Borges: "Não nos une o amor, mas o espanto" (em tradução livre).
REUNIÃO DE LÍDERES
Participam da cúpula, além da anfitriã, os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e do Uruguai, José Mujica, como membros do Mercosul; participam ainda os presidentes Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Ollanta Humala (Peru) e Sebastián Piñera (Chile).
A Venezuela está sendo representada pelo chanceler Nicolás Maduro.
A imprensa acompanhou o discurso por telões instalados em uma tenda montada ao lado do Hotel Intercontinental, onde ocorre o evento.
Ao terminar, Cristina ordenou o corte do vídeo e do áudio do encontro, que ocorre agora privadamente.
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