Ex-apresentador de TV rouba cena em eleição em Israel
Um ex-apresentador de TV com poucos meses de carreira política foi a grande surpresa da eleição israelense de terça-feira, levando seu recém-criado partido centrista ao segundo lugar na votação.
Yair Lapid, 49, líder do partido Yash Atid (Há Um Futuro), baseou sua campanha na contestação à crescente influência dos judeus ortodoxos sobre a sociedade israelense --tema que já era caro ao seu pai, o ex-ministro da Justiça Yosef Lapid, morto em 2008.
Ahmad Gharabli/AFP | ||
Yair Lapid, ex-apresentador de TV, em discurso em Tel Aviv; seu partido, o Yesh Atid, rouba cena em eleição |
Ele prometeu abolir a dispensa de seminaristas judeus das Forças Armadas, e ampliar a base tributária do país --aliviando a carga sobre a classe média-- ao trazer mais judeus ultraortodoxos para a força de trabalho.
A plataforma do grisalho candidato, sua boa aparência e suas promessas de mudança atraíram os eleitores jovens, e o resultado mostra que o partido obteve 19 deputados dos 120 do Parlamento do Estado judaico.
Lapid, um entusiasta das artes marciais, terá agora musculatura política suficiente para negociar uma participação no gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, que foi reeleito por pequena margem e prometeu formar a mais ampla coalizão possível.
Mas não está claro até que ponto Netanyahu conseguirá conciliar seus tradicionais aliados ultranacionalistas e religiosos com a plataforma centrista e laica de Lapid.
MISTURA
O conhecido apresentador construiu seu partido usando uma incomum mistura de personalidades públicas, incluindo dois rabinos moderados, vários prefeitos e ex-funcionários municipais, um ex-chefe do Shin Bet (serviço de segurança) e um colega jornalista.
Seguidores dele festejaram os resultados da boca de urna dançando no comitê de campanha, em Tel Aviv. "Estou animado", disse um radiante Lapid a jornalistas. "Pouca gente esperava que fôssemos tão longe."
Em entrevista à Reuters antes da eleição, ele disse que não descartava participar de uma coalizão de governo junto com seus rivais religiosos, mas impôs condições que podem complicar a adesão.
"Ficarei mais do que satisfeito se tiver uma parcela de responsabilidade em reconstruir as políticas sociais", disse Lapid, que no entanto salientou a razão que o levou a abandonar, um ano atrás, a lucrativa carreira de apresentador de noticiários: "Foi uma tentativa de me tornar alguém que vira o jogo."
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