Chipre adia votação de taxa a depósitos e preocupa mercado financeiro
O Parlamento do Chipre adiou para terça a decisão sobre a taxa sobre os depósitos bancários no país, uma das medidas aplicadas para o país receber um resgate de credores internacionais. A indecisão sobre o resgate preocupa o mercado financeiro.
Os credores internacionais exigiram a aplicação da taxa para conceder o empréstimo, de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões), aprovado no sábado (16). A taxa adicionada inicialmente é de 6,75% para quem tem menos de € 100 mil (R$ 260 mil) em conta e de 9,9% para os que superam este valor.
Nesta segunda, as bolsas europeias tiveram um dia de baixas, que amenizou até o fechamento dos mercados. Os índices de dois dos países mais prejudicados pela crise, Espanha e Itália, foi os que registraram as maiores quedas.
O IBEX 35, de Madri, fechou com baixa de 1,29%, enquanto o MIB, de Milão, encerrou o pregão com queda de 0,85%, após ambos abrirem com reduções maiores que 2%. Também tiveram resultado negativo as bolsas de Londres (0,49%), Paris (0,48%) e Frankfurt (0,4%).
Os dois principais governos europeus reagiram ao anúncio da taxa. Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, disse que devem ser os cipriotas os que devem decidir sobre a taxa. Ele diz que a decisão de cobrar o imposto foi do governo do país do Mediterrâneo.
Por outro lado, o ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, disse que aceitaria se os cipriotas não taxassem as pessoas com depósitos menores de € 100 mil. Os ministros das Finanças da zona do euro convocaram uma teleconferência para esta tarde sobre o tema.
O governo americano disse que monitora de perto a situação no país europeu, um dos mais afetados pela situação da Grécia, uma das principais compradoras de seus produtos.
BANCOS FECHADOS
O anúncio da taxação causou uma corrida aos bancos cipriotas. Devido a isso, o governo decretou feriado bancário e, segundo fontes do governo local ouvidas pelas agências de notícias Reuters e France Presse, o período de bancos fechados deverá se estender até quarta (20).
O período de feriado bancário evitaria uma sangria no sistema financeiro durante o período em que se discute a aprovação do imposto, que encontra resistência da oposição e pode ser vetada. O governo local possui apenas maioria simples no Parlamento, com 29 de 56 cadeiras.
Ainda não há nenhuma sinalização de que algum governista possa trair a orientação geral da coalizão. Se isso acontece, seria criado um impasse que colocaria em risco a concessão do resgate financeiro. Os legisladores ainda avaliam uma redução na taxa para os depósitos menores e um aumento para os maiores.
Além dos cidadãos e da oposição, também ficaram irritados com a medida os russos, que possuem empresas e depósitos de pessoas físicas avaliados em US$ 19 milhões (R$ 36 milhões), de acordo com a agência de qualificação de crédito Moody's.
O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, chamou a medida de "confisco de fundos estrangeiros". "Não sei quem teve essa ideia, mas é com isso que se parece", disse, afirmando que poderia ajudar o Chipre pelo refinanciamento de um empréstimo concedido em 2011.
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