Comunidade judaica expressa incômodo com canonização de Pio 12
Um líder judaico manifestou na segunda-feira ao papa Francisco sua preocupação com o processo de canonização de Pio 12, chefe da Igreja Católica durante a Segunda Guerra Mundial e acusado de fazer vista grossa ao Holocausto.
Francisco não fez menção a esse antecessor seu durante uma reunião com o Comitê Judaico Internacional para as Consultas Interreligiosas, mas reiterou a condenação da Igreja Católica ao antissemitismo.
"A comunidade judaica continua preocupada com os esforços para canonizar o papa Pio 12 enquanto inúmeros documentos pertencentes à história da Igreja e do povo judaico durante os sombrios anos do Holocausto continuam fechados à investigação acadêmica externa", disse ao papa Lawrence Schiffman, presidente da entidade judaica.
ABERTURA DE ARQUIVOS
Há décadas, as relações entre judeus e católicos está abalada pelas suspeitas de que a Igreja e o pontífice não teriam se empenhado suficientemente para coibir a perseguição aos judeus pelo regime nazista da Alemanha.
Partidários dizem que Pio 12, papa entre 1939 e 1958, agiu nos bastidores para estimular a Igreja a salvar os judeus e que se pronunciar publicamente de forma mais incisiva teria piorado a situação.
Os judeus pedem que o processo de santificação, ainda em estágio inicial, seja interrompido até que todos os arquivos do Vaticano relativos àquela época sejam abertos e estudados pelos acadêmicos. A maior parte deve ser liberada no ano que vem.
Na reunião da segunda-feira, a primeira entre o papa e essa organização judaica desde a eleição do pontífice, em março, Francisco evitou citar Pio 12. Mas, na época em que era arcebispo de Buenos Aires --cidade com grande comunidade judaica--, o papa defendeu a abertura dos arquivos.
"Devido às nossas raízes comuns, um cristão não pode ser antissemita", disse o papa à delegação judaica, ligada a uma entidade que representa as principais organizações desse grupo religioso e todas as correntes do pensamento judaico.
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