Análise: Asilo a Snowden é rejeição de esforço de aproximação de Obama
Nos últimos quatro anos, o governo Obama vem tentando, com afinco, "redefinir" as relações entre EUA e Rússia.
A ideia não é ruim. Um Kremlin mais cooperativo poderia ajudar a Casa Branca em seus problemas internacionais --a guerra na Síria, o Afeganistão, o programa nuclear iraniano.
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Ontem, porém, o relacionamento bilateral não parecia nada redefinido, quando Edward Snowden deixou o aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou. Ele estava "imobilizado" lá havia cinco semanas. Agora, está livre.
A decisão de Vladimir Putin de lhe conceder asilo é uma rejeição humilhante e dolorosa aos esforços americanos de aproximação. Em tese, Snowden foi autorizado a ficar no país por um ano. Mas a realidade é que sua estada na Rússia pode se estender por prazo indefinido.
O caso Snowden expôs a impotência dos EUA no século 21. Na ausência de um tratado de extradição entre os dois países, havia pouco que a Casa Branca pudesse fazer para tirá-lo de Moscou.
Washington pode expressar sua insatisfação, é claro. É provável que Obama cancele a viagem que faria a São Petersburgo para a conferência do G20, em setembro.
Putin, agora, poderá posar de defensor dos direitos humanos, resistindo à agressão americana. A ironia é que o histórico de Moscou é muito pior que o de Washington.
Os EUA só podem culpar a si mesmos por esse fiasco ao estilo da Guerra Fria. Ninguém pode criticar Snowden por desejar evitar o destino de Bradley Manning --o soldado que vazou papéis ao WikiLeaks pode ser condenado a 136 anos de prisão.
Editoria de Arte/Folhapress |
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