Zelaya convoca protestos contra "roubo" nas eleições de Honduras
O presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya anunciou nesta quarta-feira (27) que convocará uma mobilização no próximo sábado contra a fraude nas eleições presidenciais vencidas pelo governista Juan Orlando Hernández.
"No sábado vamos convocar mobilizações, roubaram a vitória do (partido) Libre e de Xiomara (Castro). Vamos provar isto", afirmou Zelaya em entrevista a uma rádio local.
"Não reconhecemos os resultados que foram publicados nos boletins do Tribunal Supremo Eleitoral porque houve fraude", disse Zelaya, esclarecendo que o Libre "não vai incendiar" o país porque as mobilizações serão "pacíficas".
O presidente deposto prometeu "que a vontade popular será defendida absolutamente com tudo o que possuímos".
Zelaya, derrubado por uma aliança cívico-militar de direita no dia 28 de junho de 2009, é casado com Xiomara Castro, que representou a esquerda nas eleições.
Xiomara Castro disse que as provas da fraude serão reveladas nesta sexta-feira, em entrevista coletiva, quando saberão de "grandes irregularidades".
A candidata recordou que na noite de domingo se declarou presidente eleita e "hoje posso dizer que mantenho esta mesma posição" porque "o povo nos elegeu de forma contundente".
Hernández, do governista Partido Nacional (PN), recebe 35,88% dos votos, contra 29,14% para Xiomara Castro, após a apuração de 81,54% dos votos, segundo o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), que declara a situação "irreversível".
Zelaya estimou que se confirmado, o futuro governo conservador será "muito débil" porque conta apenas com pouco mais de 30% dos votos: "como alguém pode governar com 30%"?
O presidente deposto destacou que "o governo perdeu o Congresso", que "é o primeiro poder do Estado" e onde são tomadas as decisões.
Segundo projeções, o Partido Nacional elegeu 47 deputados, o Libre, 39; o Partido Liberal (PL, direita), 26, e o Partido Anticorrupção (PAC, centro direita), 13.
No atual Congresso, presidido e controlado por Hernández, o PN tem 71 deputados, o PL, 55, e as outras três forças minoritárias compartilham 12 cadeiras.
Observadores da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) qualificaram como "transparentes" e "confiáveis" as eleições de domingo em Honduras.
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