Análise - Republicanos dos EUA têm de provar que sabem governar o país
Em reuniões com líderes legislativos, o tema da imigração tem sido a maior discórdia entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e os que se opõem a seu governo.
A Casa Branca prepara ordens executivas para amenizar a situação de imigrantes não documentados. Ações não foram adotadas antes por causa das eleições.
Os republicanos querem que o presidente espere decisões do novo Congresso, que assumirá em janeiro. Para a oposição, a segurança das fronteiras vem antes de qualquer alívio aos imigrantes.
A briga é antiga: republicanos na Câmara já barraram um projeto de reforma bipartidário aprovado pelo Senado. Em agosto, decidiram processar o presidente pelo uso de ordens executivas. Obama sinaliza que não cederá a pressões.
No Senado, que passará a mãos republicanas pela primeira vez desde 2007, disputas imediatas serão sobre nomeações. Dezenas de cargos, incluindo juízes, embaixadores e até a nova secretária de Justiça, Loretta Lynch, aguardam confirmação.
DISPUTA REPUBLICANA
O Orçamento, como sempre, será a maior disputa. Os fundos do governo acabam em 10 de dezembro. Uma extensão de curto prazo deve ser aprovada, esperando a posse dos recém-eleitos. Mas 2015 trará emoções.
Republicanos tentarão reduzir os gastos do governo, possivelmente incluindo pautas como o cancelamento da reforma da saúde. Da última vez que tentaram, no ano passado, o país ficou paralisado por semanas.
Isso é reflexo de uma disputa interna. A liderança republicana enfrenta desafios da ala radical, que não quer acordos com o governo. O senador Ted Cruz, do Texas, capitaneia o motim.
Em política externa, Obama mostrou alguma deferência e irá buscar aprovação para a campanha contra o Estado Islâmico. Mas outros temas menos contenciosos, como acordos comerciais, não fizeram parte das conversas entre líderes.
É cedo para saber se teremos cautela ou confronto nos próximos dois anos. Republicanos enfrentarão um cenário difícil para manter o controle do Senado. As eleições presidenciais de 2016, com maior mobilização popular, devem favorecer os democratas.
Obama quer deixar um legado e republicanos querem provar que podem governar. Mesmo assim, infelizmente, não é certo que a moderação prevaleça sobre extremismos.
GERALDO ZAHRAN, professor da PUC-SP e coordenador do Observatório Político dos Estados Unidos (www.opeu.org.br), é o autor de "Tradição Liberal e Política Externa nos Estados Unidos" (Apicuri/PUC-Rio-2012).
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