Uruguai 'rebaixa' cúpula de passagem da presidência do Mercosul a Caracas
A cúpula de chefes de Estado na qual a presidência pró-tempore (rotativa) do Mercosul seria transmitida do Uruguai à Venezuela, em 12 de julho, foi transformada em reunião de chanceleres, segundo anunciou nesta segunda (27) o governo uruguaio.
A decisão de "rebaixar" o encontro surge em meio à relutância de Paraguai, Brasil e Argentina em entregar a presidência do bloco ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado de violar direitos humanos e políticos e de levar a Venezuela ao abismo econômico.
O chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, afirmou que estão mantidos de entregar a presidência do Mercosul à Venezuela e atribuiu o cancelamento da reunião de presidentes a problemas internos nos países-membros.
"As condições políticas particulares que vivem alguns sócios, como nos casos de Brasil e Venezuela, justificam que a Cúpula não seja realizada", afirmou Novoa. Ele disse que "não necessariamente a passagem da presidência pro tempore está associada a uma cúpula" de presidentes.
"O Uruguai está firmemente apegado às normas internacionais de direito e [busca] cumprir os compromissos estabelecidos. As normas 'mercosulinas' estabelecem que a rotatividade será semestral; o Uruguai tem a presidência e quando terminar em julho vai passá-la. Antes e depois veremos as condições sobre esse aspecto", afirmou o ministro.
A ascensão de governos de direita na Argentina e no Brasil privou a Venezuela de dois aliados de peso e inverteu a relação de forças dentro do Mercosul, bloco criado em 1991. O Paraguai mantem posição crítica contra a Venezuela desde 2013.
O acirramento das tensões sociais e políticas na Venezuela gera crescente preocupação regional. A OEA (Organização dos Estados Americanos) discute possível aplicação de sanções contra a Venezuela pelos ataques do chavismo contra a oposição. A iniciativa, porém, até agora não obteve respaldo suficiente.
A Unasul (União de Nações Sul-Americanas) tenta mediar um diálogo entre Maduro e a oposição, até agora em vão.
O governo norte-americano também manteve recentes encontros com representantes dos dois lados.
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