Trump é aprendiz de ditador, diz o megainvestidor George Soros

Crédito: Ruben Sprich/Reuters O presidente da Soros Fund Management, George Soros fala durante palestra no Forúm Econômico Mundial, em Davos (Suiça). O investidor se desfez no 4º trimestre de 60% dos papéis da estatal brasileira Petrobrás. *** Georges Soros, Chairman of Soros Fund Management, speaks during the session 'Recharging Europe' in the Swiss mountain resort of Davos January 23, 2015. More than 1,500 business leaders and 40 heads of state or government attend the Jan. 21-24 meeting of the World Economic Forum (WEF) to network and discuss big themes, from the price of oil to the future of the Internet. This year they are meeting in the midst of upheaval, with security forces on heightened alert after attacks in Paris, the European Central Bank considering a radical government bond-buying programme and the safe-haven Swiss franc rocketing. REUTERS/Ruben Sprich (SWITZERLAND - Tags: BUSINESS POLITICS) ORG XMIT: CVI1880
O megainvestidor George Soros, que criticou o presidente americano em Davos

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

"Várias formas de sociedades fechadas –de ditaduras fascistas a Estados mafiosos– estão no horizonte. Os Estados Unidos elegeram um aprendiz de ditador como presidente. Mas Trump vai falhar e os mercados não vão se dar bem."

Com o raciocínio e a língua afiados, apesar dos 86 anos de idade, George Soros, sócio do fundo hedge que leva seu nome e administra cerca de US$ 30 bilhões, recebeu para seu tradicional jantar em Davos, nesta quinta-feira (19).

Além de três pratos, pinot noir, e outros cinco vinhos, os comensais assistiram uma deliciosa entrevista com a repórter da Bloomberg, Francine Lacqua.

Para o bilionário, o entusiasmo dos mercados pós-eleições americanas, que viram perspectivas de crescimento maior com o novo governo, não vai durar.

"Donald Trump vai fracassar. Os mercados veem Trump desmantelando a regulamentações e reduzindo impostos. É um sonho para eles, que se tornou realidade", disse, menos de 24 horas antes da posse do 45º presidente dos EUA.

Além de doar cerca de US$ 10,5 milhões para a campanha de Hillary Clinton, ao apostar na sua vitória, Soros perdeu quase US$ 1 bilhão em negócios que se beneficiariam se o mercado caísse. Mas ele subiu.

"Eu o descrevo como um impostor, um vigarista e um aprendiz de ditador", disse, arrancando risos da plateia. Mas ele não será um ditador porque acredito que a Constituição e as instituições dos Estados Unidos serão
fortes o suficiente", disse.

"É impossível prever como ele será [na Casa Branca] porque ele não imaginava que venceria, e só quando conseguiu, começou a pensar no que fará."

Além de prever uma guerra comercial dos EUA com a China, o megainvestidor, que voltou a negociar parte dos recursos do Soros Fund Management em 2016, acredita que a União Europeia "está se desintegrando".

"Políticos falharam no Brexit e no referendo na Itália." A política de Trump vai forçar uma aproximação dela com a China, diz acreditar.

Outra aposta dele é que os britânicos se arrependerão do Brexit. Vão perceber que foi um "desastre", conforme a inflação corroer sua renda.

"Vão se dar conta de que estarão ganhando menos do que antes." Será um processo longo: "divorciar leva mais tempo que casar". Se a Europa quebrar, as consequências serão "muito desastrosas. Não acredito que vá
se salvar." Theresa May, a primeira ministra britânica tampouco vai durar, prevê.

Esta Folha esteve presente ao jantar, mas a noite foi quente demais nos Alpes para sobrar tempo para respostas sobre o Brasil.

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