Nesta segunda-feira (1º) o ditador norte-coreano Kim Jong-un voltou a afirmar que seu país está pronto para lançar um ataque nuclear contra os Estados Unidos, no mesmo discurso no qual fez um aceno ao diálogo com a vizinha Coreia do Sul.
A fala em tom conciliatório aconteceu durante o pronunciamento de Ano-Novo do ditador norte-coreano, no qual ele aponta as prioridades de seu governo para os próximos 12 meses.
No discurso ele classificou a Coreia do Norte como uma "potência nuclear responsável e pacífica" e disse que só usará seu arsenal nuclear se for provocado antes.
"Todo o território dos Estados Unidos está ao alcance de nossas armas nucleares, sempre tenho um botão nuclear na mesa do meu escritório. E isso é a realidade, não é uma ameaça", afirmou.
Segundo ele, o arsenal norte-coreano serve como garantia de que Washington não vai atacar Pyongyang. "Os EUA não poderão nunca começar uma guerra contra o nosso país", disse.
Kim defendeu também uma retomada das relações diplomáticas com Seul e abriu a possibilidade de negociação com os vizinhos.
"Quando se trata da relação Norte-Sul, temos que diminuir a tensão militar na península coreana para criar um ambiente pacífico. Ambos o Norte e o Sul devem fazer esforços", afirmou ele.
Ele afirmou ainda que pretende mandar uma delegação norte-coreana para participar dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, que acontecem na cidade sul-coreana de Pyeongchang em fevereiro.
"A participação da Coreia do Norte na Olimpíada de Inverno será uma boa oportunidade para mostrar o orgulho nacional e desejamos que os jogos sejam um sucesso. Autoridades das duas Coreias devem se encontrar urgentemente para debater essa possibilidade", disse ele.
Desde o início de 2017, com o aumento na tensão com a Coreia do Norte, as autoridades sul-coreanas temem pela segurança do evento esportivo, já que Pyeongchang fica a menos de 90 quilômetros da fronteira entre os dois países.
Por isso, a Coreia do Sul respondeu imediatamente a fala de Kim e se disse aberta ao diálogo. "Nós sempre afirmamos que estamos prontos para dialogar com a Coreia do Norte a qualquer momento e em qualquer lugar se isso recuperar a relação entre as Coreias e levar a paz para a península coreana", disse um porta-voz do presidente Moon Jae-in.
"Nós esperamos que as duas Coreias sentem juntas e encontrem uma solução para diminuir as tensões e estabelecer a paz na península", completou ele.
TROCA DE ACUSAÇÕES
O tom conciliatório usado por Kim marca uma mudança em seu discurso, já que até o momento ele tinha se recusado a abrir qualquer canal de diálogo com a Coreia do Sul ou os Estados Unidos.
As trocas de acusações entre ele e o presidente americano Donald Trump marcaram todo o ano passado. A cada novo teste de armas feito por Pyongyang, Washington respondia com novas acusações e sanções contra a ditadura de Kim.
O auge das acusações aconteceu em setembro, quando Trump discursou na ONU chamando Kim de "o homem do foguete" e ameaçando destruir completamente a Coreia do Norte.
Antes, em agosto, ele já tinha declarado que atacaria o país com "fogo e fúria", em resposta a uma declaração de Kim de que os norte-coreanos se vingariam "mil vezes" de uma nova rodada de sanções feitas pelos Estados Unidos.
A última discussão entre Washington e Pyongyang aconteceu no final de dezembro, após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma proposta americana que impôs novas sanções contra a Coreia do Norte, o que o a ditadura de Kim classificou como uma declaração de guerra.
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