Advogada de adolescente palestina detida critica Israel por longa prisão

Crédito: Ammar Awad - 1º.jan.2018/Reuters Ahed Tamimi ao lado de guardas israelenses em um tribunal militar próximo à Cisjordânia
Ahed Tamimi ao lado de guardas israelenses em um tribunal militar próximo à Cisjordânia

DANIELA KRESCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV (ISRAEL)

A advogada de Ahed Tamimi, Gaby Lasky, considera que houve exagero por parte das autoridades israelenses na prisão da jovem ativista.

Ahed, que virou símbolo dos palestinos contra os soldados israelenses, está presa atualmente acusada de se uma série de incidentes contra as forças de segurança.

Folha - Ahed Tamimi já foi indiciada. Quais são os próximos passos? Ela pode ficar presa por muito tempo?
Gaby Lasky - Na segunda (15), haverá uma deliberação sobre o pedido da promotoria militar para deixá-la detida até o fim do processo. Isso pode durar alguns meses. A promotoria quer que ela cumpra uma pena longa.

A sra. acredita que o indiciamento de Ahed Tamimi foi correto?
É exagerado. Temos exemplos de colonos [israelenses] que usam de violência contra soldados e que, quando são detidos, são liberados até o indiciamento. E, quando são indiciados, não os deixam em prisão até o fim do processo.

Mas a jovem agiu corretamente?
Não é isso. Trata-se de uma menina de 16 anos; menos de uma hora antes, o Exército atingiu o rosto de seu primo de 14 anos com uma bala de borracha e ele ficou em coma. Os soldados estavam dentro da casa dela. Temos que olhar para o retrato maior: trata-se de uma menina que estava com raiva, que nasceu em meio à ocupação... Sim, ela utilizou de sua mão para tirar os soldados, e bateu neles para tirá-los de sua casa e desanuviar.

Isso está certo?
Não, não está. Mas será que justifica detenção até o fim do processo? Não.

Como o Exército deve se comportar nesse caso?
Antes de tudo, não é culpa do Exército. É o governo israelense que tem que tirar os soldados de lá e acabar com a ocupação. Israel tem que parar de controlar uma população civil de 2 milhões de pessoas, que também têm direito de autodeterminação, e encontrar uma outra solução para o conflito.

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