Com novo ato marcado, sem-teto dão ultimato para regularizar ocupações
Após uma manhã com protestos em São Paulo, integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), grupo responsável pela maioria dos atos desta quinta-feira, prometeram novas manifestações pela cidade dentro de uma semana –dia 22.
Eles pedem novas políticas habitacionais e a regularização de todas as áreas invadidas na capital paulista até a Copa do Mundo.
Em um dos atos desta quinta, em Itaquera (zona leste), Guilherme Boulos, coordenador do MTST, deu um ultimato para que o problema de moradias populares em São Paulo seja resolvido. "A contagem é regressiva. Tem 28 dias para resolver não só a Copa do Povo [ocupação na zona leste], mas todas as ocupações que estão em luta", disse Boulos.
A mensagem foi voltada principalmente à presidente Dilma Rousseff (PT), que, na semana passada, reuniu-se com os sem-teto após uma série de protestos na capital paulista. Naquela oportunidade, os manifestantes invadiram as sedes de grandes construtoras que têm vínculo com o governo federal, como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS. A presidente, que estava em São Paulo para a abertura do estádio de Itaquera, mudou a agenda oficial para receber Boulos.
Após o encontro, Dilma se comprometeu a analisar a situação do terreno onde está a ocupação Copa do Povo e a possibilidade de destiná-lo a moradias populares. Apesar disso, hoje Boulos elevou o tom do discurso e cravou: "Se não revolver neste período [até o início da Copa], vai ter problema".
"Os governos federal, estadual e a prefeitura que se entendam para resolver a situação e desapropriar o terreno", disse Boulos ao final do ato, para incluir o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) nas reivindicações.
Após a publicação desta reportagem, Boulos negou que sua fala durante o protesto tenha significado um "ultimato" ao governo. "Não houve ultimato. O que dissemos é que as mobilizações vão continuar até que as reivindicações sejam atendidas pelos três níveis de governo."
Natália Szermeta, que também integra o núcleo de lideranças do MTST, disse que o movimento não se contenta com pouco. Ela liderou um ato que fechou parte da marginal Pinheiros na zona sul de São Paulo. "O MTST colocou em campo a seleção dos brasileiros oprimidos, dos que não se contentam com migalhas", disse Szermeta.
Com um discurso alinhado com Boulos, a líder sem-teto também afirmou que a tendência do movimento é ampliar o número de protestos em São Paulo. "A seleção dos opressores pode até entrar em cena, mas não vão dormir uma noite sem que a gente incomode o sono deles", afirmou.
A série de protestos que fechou importantes ruas e avenidas de São Paulo nesta quinta-feira reuniu 4.000 pessoas em diversos pontos da cidade. Além dos sem-teto, metalúrgicos também protestaram em São Paulo –eles criticam a estagnação econômica do país.
Houve protesto em frente ao estádio do Itaquerão, palco onde acontecerá a partida inicial do mundial em junho deste ano, nas marginais Pinheiros e Tietê, além de outros pontos do centro e da zona sul. A Polícia Militar não registrou nenhum confronto ou incidente.
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