Manifestantes presos em SP viram réus
A Justiça aceitou denúncia do Ministério Público contra os manifestantes Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi, presos sob suspeita de participação em protestos violentos em junho, durante a Copa.
Desde a segunda (21) eles são réus em processo sob a acusação de associação criminosa, incitação ao crime e outros. Em caso de condenação, a soma das penas pode ultrapassar quatro anos de prisão.
Ambos negam as acusações. O advogado de Harano, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse que um recurso pedindo a absolvição sumária do manifestante, que é funcionário da USP, será apresentado nos próximos dias.
A Folha contatou a Defensoria Pública, que defende Lusvarghi, mas a entidade disse que não comentaria o caso até ser notificada.
Avener Prado - 24.jun.2014/Folhapress | ||
O estudante Fabio Hideki Harano é preso após participar do ato anti-Copa em SP |
A denúncia, acolhida pelo juiz Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal de São Paulo, foi feita pelo Ministério Público, que se baseou na investigação da polícia.
Segundo a denúncia, à qual a Folha teve acesso, ambos se associaram "de forma armada com o fim específico de cometer crimes" durante atos no período do Mundial.
Os promotores afirmam que os dois manifestantes portavam artefatos explosivos no protesto contra a Copa realizado no dia 23 de junho.
Ainda de acordo com a denúncia, os crimes cometidos pelos dois ativistas presos são contra o patrimônio público e privado e "contra a integridade física de policiais e outros agentes mediante violência física e explosivos".
Tanto Harano como Lusvarghi, que é ex-policial militar, negam que portassem bombas e dizem desconhecer os objetos apresentados na delegacia como sendo deles.
Os explosivos descritos pela polícia são um "artefato incendiário de fabricação rudimentar", que estava na bolsa de Harano, e um objeto semelhante a um coquetel molotov e um frasco de iogurte "com cheiro de combustível", que estavam com Lusvarghi –segundo policiais que fizeram a prisão, ele despejou o líquido antes de ser flagrado.
Ainda de acordo com a polícia, os dois se conheciam, pareciam ter "relacionamento íntimo" e demonstraram liderança num grupo de 'black blocs' –manifestantes que defendem a depredação do patrimônio durante protestos.
O inquérito policial inclui filmagens que mostram Harano dando ordens nos atos.
Ele usava um capacete e uma máscara de gás no dia da prisão. Entre os documentos apreendidos com o manifestante estão atas de reunião do movimento sindical da USP e panfletos de protesto.
Nesta terça (22), o Tribunal de Justiça negou recurso para pedir a soltura de Harano.
Colaborou REYNALDO TUROLLO JR.
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