Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.
Maranhão é Brasil
BRASÍLIA - Morreu um, morreram dois, morreram 15, morreram 30, morreram 50. Muitos sob tortura. Mas ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sabia de nada, nem no Maranhão nem fora do Estado.
Se morressem cinco no Rio ou em São Paulo, uns dez em Minas ou no Rio Grande do Sul, uns 15 na Bahia ou em Pernambuco, talvez tivéssemos todos acordado muito antes.
Mas, no Maranhão, só depois de 60 mortes em 2013 e do relatório do Conselho Nacional de Justiça o país se levanta contra a tragédia de dor e sangue que vem ocorrendo sob as barbas de todos e desde sempre.
É como se ali fosse assim mesmo, não tem jeito. Já é a pior renda per capita do país, o segundo pior IDH estadual, nem saneamento tem, nada vai mudar... Então, deixa pra lá.
Agora, porém, prevalece a máxima de que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e é impossível ficar indiferente diante do vídeo macabro divulgado pela Folha. A Justiça, a imprensa, o mundo político e os cidadãos de Norte a Sul escandalizaram-se e berraram, enfim.
Até a ONU ouviu e já exige investigação sobre a barbárie, que acende a luz vermelha em ONGs e órgãos de direitos humanos pelo mundo afora, enquanto a Procuradoria Geral da República discute o que fazer.
O governo estadual e o governo federal, porém, parecem menos chocados com cenas de cabeças rolando entre corpos dilacerados e mais ocupados com os seus cálculos políticos.
O governo Roseana insiste em acusar até mesmo relatório oficial de difundir "inverdades". O governo Dilma para, ouve, não toma partido. Ou melhor, para, ouve e, de certa forma, ao calar, toma partido de dois poderosos aliados: o PMDB e o clã Sarney.
A exceção foi a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, traduzindo o horror nacional e cobrando a responsabilidade do governo estadual. Uma voz isolada num momento que exige uma grita geral.
Pedrinhas é Maranhão, Maranhão é Brasil e indignação move o mundo.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
Comentários
Ver todos os comentários (17)Spina
16/01/2014 10h02 DenunciarLuiz
09/01/2014 17h25 DenunciarSó tem um detalhe, este estado de miser_áveis votou na Maria Antonieta, na sua corte. Portanto eles que se entendam para não falar outra coisa.
Déjà vu
09/01/2014 16h29 DenunciarMaranhão é Brasil - Roseana Sarney abriu novo pregão de R$ 1,3 milhão para comprar itens como Uísque Escocês, Champanhe e Canapés de Caviar para Coquetéis e Eventos Oficiais. Ora, se um Estado pra lá de periférico tem esta Mordomia, já pensou em São Paulo, R i o, Minas, Paraná e RGS. Não é à toa que o Leão do Imposto de Renda tem cada vez Mais Apetite, com este Cardápio!!!!!
Em Colunistas
- 1
Painel S.A.: Porta dos Fundos nega piada paga e diz à Justiça que Heineken quer 'calar'
- 2
Mônica Bergamo: Gonet esquece microfone aberto e diz que fez 'cagada' em depoimento de Aldo Rebelo ao STF
- 3
Rodrigo Zeidan: Deitado eternamente em berço esplêndido
- 4
Demétrio Magnoli: A comédia dos quatro erros
- 5
Mônica Bergamo: Moraes volta a negar liberdade a Braga Netto e defesa diz que general virou 'bode expiatório'
O massacre de Pedrinhas não comoveu nem o povo do Maranhão, nem tão pouco o Brasil. A vida está banalizada faz muito tempo e a violência reina porque muita gente optou por ela. O Brasil é assim, e só vai mudar quando o povo mudar.