Nascido em Santo Anastácio (SP), em 1978, é autor de 'Esquimó' (Cia. das Letras, 2010) e 'Golpe de Ar' (Ed. 34, 2009). Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Balada para E. C.
Ilustração | ||
Cinco milhões em propina
e ainda assim testemunha
como se não fosse réu -
só na Terra da Pupunha -
vampiro louco por prata
seu microfone tem unhas
seus óculos são pequenos
escudos da caramunha
que ele esconde, feito dólares
seu nome - Eduardo Alcunha
vai com a mulher pra Me Ame
pra bronzear as mamunhas
torra o dinheiro do Estado
num casaco de vicunha
mas com a bênção de Deus -
quem sabe o Deus da Mumunha
de fato lhe queira bem
pois não há ninguém que grunha
conspirando, vingativo
melhor que Eh Zoado Cúneo
o trem do país, na serra
desceu e parou na grunha
o Residente da Alcova
dos Reputados, que empunha
uma caneta perversa
com que apura garafunhas
de cafajestes – "CANALHAS!"
gritou Jean Île – e cunha
o novo Brazil antigo
ri – "é do ar do cu, nhá"
viajar! tentar catar
a lua da Catalunha
com a mão – que, de ódio, escreve
errado Odiado Cunha
Livraria da Folha
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