
É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.
Escreve às terças, quartas, sextas, sábados e domingos.
Falácias eleitorais
SÃO PAULO - Ao definir seu voto, a primeira pergunta que o eleitor tem de responder é "estou disposto a mandar os atuais governantes para casa?". Se a resposta é afirmativa, surge a segunda questão: "a alternativa que se coloca é satisfatória?".
Até onde dá para inferir intenções, parte significativa da população flerta ou pelo menos flertou com um "sim" para a primeira pergunta. Em agosto Marina Silva abria dez pontos de diferença sobre Dilma Rousseff (50% a 40%) na simulação de segundo turno feita pelo Datafolha. De lá para cá, porém, Marina foi perdendo espaço e hoje aparece quatro pontos atrás de Dilma (43% a 47%).
A interpretação mais plausível é que os marqueteiros da presidente estão convencendo o eleitor de que a resposta à segunda pergunta é "não". Fizeram-no explorando as reais contradições da candidatura de Marina e lhe acrescentado uma campanha negativa que se vale de tantas falácias informais que renderia um livro sobre pensamento crítico.
Na peça do banco central, por exemplo, transformaram a ideia de Marina de dar independência formal à instituição numa versão exagerada e distorcida da proposta com o objetivo de atacá-la mais facilmente. O nome disso é falácia do espantalho. No spot que cita Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, o artifício utilizado é a falácia da má companhia ou da culpa por associação, pela qual se tenta descaracterizar uma ideia ou pessoa –Marina–, ligando-a a grupos de má fama –os banqueiros.
São truques infantis, mas o fato de terem nome e constarem dos compêndios sobre argumentação crítica é um bom indício de que funcionam.
Isso significa que Marina já era? Talvez não. Num provável segundo turno, ela terá o mesmo tempo de TV que Dilma e então poderá tentar desmontar os ataques ou até lançar os seus contra a presidente. O fato de o eleitor ter passado a ver Marina mais criticamente não implica que tenha ficado satisfeito com o atual governo.
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Comentários
Ver todos os comentários (7)RICARDO
01/10/2014 06h48 Denunciarcad
30/09/2014 18h47 DenunciarO fato, HS, é que é preciso muita disposição e criatividade para enfrentar a truculencia do valetudo que sustenta este governo. Muita gente comprometida, que num mundo onde realmente houvessem instituições fortes não estriam correndo soltas. Os protestos de 2013 eram uma esperança de mudança, mas foram habilmente distorcidos pelos "correligionários" que hoje fazem a campanha governista, A imprensa obediente tem muita participação nisso..
Herdf
30/09/2014 18h45 DenunciarA imprensa se equivocou ou não entendeu o que se quer de mudança, o eleitor não pretende perder suas conquistas em troca de possíveis mudanças, quer quem mantenha o que conquistou em termos de renda e emprego, não está trocando isso por promessas futuras. Quer o que já tem e quer melhorar os serviços públicos, quem não fizer o compromisso com o presente vai dançar, ninguém entendeu isso na oposição, o brasileiro não quer fazer oposição, quer avançar, não quer voltar atrás.
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O "PT acertou ao "priorizar o "Agronegócio e o bem estar da "população desde o "primeiro dia de governo. A "estratégia deu certo, a nossa "agricultura está bem "mecanizada e as novas "Fronteiras "Agrícolas são um "Sucesso.