É farmacêutica, senadora pelo PCdoB do Amazonas e procuradora especial da mulher do Senado.
Superação da crise só acontecerá com saída de Temer
Adriano Machado/Reuters | ||
Manifestante protesta contra PEC dos gastos no Congresso Nacional, em Brasília |
Os acontecimentos atuais mostram a gravidade da crise que o país atravessa. E tendem a se agravar, tanto pelo fracasso da economia quanto pelas novas delações, sempre com a ressalva de não se misturar doações legais com eventuais práticas de corrupção.
As primeiras delações priorizaram o PT e agora, como era previsível, chegam às figuras centrais dos principais partidos de sustentação do "governo" (PMDB, PSDB, DEM, PP, PSD), trazendo para o centro do escândalo o próprio presidente Michel Temer.
Se a situação política é crítica, a econômica é ainda pior. Os números são extremamente negativos, tudo desanda. São mais de 12 milhões de desempregados e a produção industrial é a pior dos últimos três anos. A inflação cede levemente, mas não tem sido suficiente para convencer Ilan Goldfajn — o sócio de bancos privados convertido em presidente do Banco Central — a baixar mais significativamente os juros, o que retarda ainda mais a retomada da atividade econômica.
O governo tem um único projeto: aprovar medidas contra o povo que, aliás, foram a real motivação do golpe contra a presidenta Dilma.
A reforma da Previdência impõe o absurdo de 49 anos de contribuição e 65 de idade para que homens e mulheres possam se aposentar. A desvinculação dos benefícios sociais do salário-mínimo já tem início com a desindexação dos benefícios previdenciários e a PEC do congelamento avança de forma absurda no Senado Federal.
Para recuperar o tempo perdido com a crise que lhe ameaçou o cargo e tentar votar a PEC do congelamento nesta terça-feira (13), o presidente do Senado realizou três sessões de discussão da PEC, numa única sessão de sete horas do dia 8, em absoluta desconformidade com o regimento da Casa.
Os efeitos deletérios dessa política assombram o Brasil e o mundo, como revela Philip Alson (ONU), que repudiou a proposta por considerar que "o efeito principal e inevitável será o prejuízo aos mais pobres nas próximas décadas".
Segundo o representante da ONU, "os planos do governo de congelar os gastos sociais por 20 anos são inteiramente incompatíveis com as obrigações de direitos humanos do Brasil", e é "completamente inapropriado congelar somente o gasto social e atar as mãos de todos os próximos governos por outras duas décadas. Se essa emenda for adotada, colocará o Brasil em uma categoria única em matéria de retrocesso social".
Não podemos aceitar que o Brasil abandone o projeto de reafirmação de nossa soberania, de desenvolvimento e inclusão social que vinha sendo desenvolvido e abrace essa política neoliberal de regressão, por essa pinguela que eles chamam de governo.
A superação da crise, portanto, passa pela saída de Temer e por diretas já!
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