Israel fará cerco a bairros de palestinos
Objetivo é conter onda de violência, especialmente em Jerusalém Oriental; polícia israelense mata mais 2 agressores
Novas medidas do governo de Netanyahu incluem demolição de casas de famílias de autores de atentados
As autoridades de Israel começaram a instalar nesta quarta (14) postos de controle nos acessos a bairros palestinos de Jerusalém Oriental. A intenção é conter a onda de violência entre palestinos e israelenses na região.
A decisão do gabinete de segurança permite que a polícia imponha um toque de recolher e feche bairros considerados "centros de atrito e incitação à violência".
Nesta quarta, em Jerusalém, um homem armado com um punhal atacou uma mulher perto da estação central de ônibus, ferindo-a.
Segundo a polícia da cidade, um agente atirou contra o agressor e o matou quando ele tentava fugir do local embarcando em um ônibus.
Uma outra tentativa de esfaqueamento foi frustrada pela polícia em frente ao portão de Damasco, uma das principais entrada da Cidade Velha de Jerusalém. O agressor, cuja identidade não foi revelada, foi morto ao tentar atacar as forças de segurança.
Os confrontos das duas últimas semanas provocaram a morte de ao menos oito israelenses e 30 palestinos –13 identificados por Israel como agressores e 17 durante ataques das Forças Armadas e embates com soldados e colonos judeus.
Na terça (13), quatro atentados realizados por palestinos deixaram três israelenses mortos e ao menos 26 feridos.
O ministro da Segurança Interna de Israel, Gilad Erdan, disse nesta quarta que os corpos de agressores palestinos mortos não serão devolvidos às suas famílias.
Segundo Erdan, cortejos fúnebres de palestinos que mataram israelenses muitas vezes se transformam em "um ato de apoio ao terror e de incitação ao assassinato".
Além de não devolver os corpos dos atacantes aos familiares, o governo israelense demolirá as casas das famílias dos autores de ataques e revogará as permissões de residência dos envolvidos.
Todas as medidas aprovadas nesta quarta pelo primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, já foram tomadas pelos israelenses em ondas de violência no passado. Em geral, elas provocaram mais revolta entre os palestinos.
A instalação de postos de controle dificulta a vida cotidiana, como o acesso à escla e aos locais de trabalho.
O enviado palestino na ONU, Riyad Mansour, afirmou que pedirá que a entidade envie uma força especial a Jerusalém Oriental na tentativa de conter a violência.
MORTE
Morreu nesta quarta-feira o palestino Ala Abu Jamal, responsável por atropelar e matar um judeu ultraortodoxo no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém Ocidental. Ele também esfaqueou um rabino após o atropelamento.
Ele deverá ser o primeiro a não ter o cadáver entregue a suas famílias.
Uma série de motivos levaram à nova onda de violência, que teve início em Jerusalém Oriental. O principal deles foi o aumento do número de visitas de judeus e das restrições à entrada de palestinos na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém. O local é sagrado para o judaísmo e o islamismo.
Também é citada como causa a interrupção dos diálogos de paz entre as autoridades israelenses e palestinas. Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, oficializou o abandono dos acordos de paz de Oslo.
Assinados nos anos 1990, os tratados estabeleciam um plano para a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na faixa de Gaza, mas foram deixados em segundo plano pelos dois lados.