Rowhani vence conservador e é reeleito presidente do Irã
A televisão estatal iraniana anunciou a vitória do atual presidente Hasan Rowhani sobre o clérigo conservador Ibrahim Raisi, no primeiro turno das eleições presidenciais. Com 23,5 milhões de votos, contra 15,8 milhões do rival, Rowhani segue para um segundo mandato de quatro anos.
A apuração da eleição presidencial teve início na noite de sexta-feira (19). Neste sábado, o Ministério do Interior informou que cerca de 41,2 milhões de votos foram registrados, o que indica um comparecimento superior a 70% dos 55 milhões de eleitores registrados para votar.
A corrida presidencial foi encarada como um referendo sobre o pacto nuclear assinado com o Ocidente pelo líder reeleito. Raisi, candidato rival, é crítico do acordo.
O horário de votação, previsto para terminar às 18h locais (10h30 em Brasília), foi estendido até a 0h local (16h30 em Brasília), devido ao grande número de iranianos que aguardavam nas filas dos locais de votação.
O fator foi visto como um bom sinal para Rowhani, cujos apoiadores se preocupavam com uma eventual apatia entre os eleitores reformistas desiludidos com o ritmo lento de abertura do governo do presidente moderado.
Em 2013, Rowhani foi eleito ainda no primeiro turno, com 50,9% dos votos, contra 16% do segundo colocado. O comparecimento às urnas havia sido de 72,8%.
De 1981 para cá, nenhum presidente iraniano fracassou em uma tentativa de reeleição, mas Rowhani enfrentava críticas devido aos problemas econômicos do país. O desemprego estacionou em 10% —entre os jovens, chega a 30%. A inflação em março deste ano foi de 11,9%.
O acordo assinado em 2015 com o Ocidente —que restringe o programa nuclear iraniano em troca de reduzir as sanções econômicas contra Teerã— tinha posição central no projeto de Rowhani para tirar o Irã do isolamento e reintegrá-lo à economia global.
O presidente considera que o país está se beneficiando da melhora no relacionamento com o Ocidente. Mas, até o momento, o acordo não levou a um grande avanço na vida dos iranianos comuns.
Raisi explorou esse ponto em sua campanha populista, que o colocou como "pai dos pobres". Ele dirige uma das principais organizações de caridade do mundo islâmico.
Principal nome da linha-dura religiosa e visto como o que mais agrada ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, Raisi prometeu em campanha aumentar a ajuda governamental aos pobres e criar mais de 1 milhão de empregos em seu primeiro ano de governo.
Rowhani declarou, após votar, que a eleição é importante "para o futuro do papel do Irã na região e no mundo". "Qualquer candidato que seja eleito deve ser ajudado a exercer sua pesada responsabilidade", disse.
"O resultado será respeitado por mim e por todas as pessoas", afirmou Raisi, depois de depositar seu voto na urna.
Além do acordo nuclear, a eleição deve ter impacto em uma eventual sucessão do aiatolá Khamenei, 77. Em 2014, ao ser submetido a uma cirurgia na próstata, o líder supremo atraiu preocupações. Raisi já foi considerado para substituir Khamenei.
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