Maduro ordena retirada do ar dos canais colombianos RCN e Caracol
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Nicolás Maduro fala à imprensa na última terça (22) no Palácio de Miraflores, em Caracas |
A Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela, vinculada ao regime de Nicolás Maduro, ordenou nesta quinta (24) que as operadoras de TV por assinatura tirassem do ar as emissoras colombianas Caracol e RCN.
A determinação foi feita em reunião na quarta (23) com os dirigentes das operadoras em Caracas. O sinal da Caracol caiu já na madrugada de quinta, enquanto a RCN começou a sumir da grade das operadoras durante o dia.
A autarquia não se pronunciou sobre os motivos da decisão. Em um programa do canal estatal VTV, o ex-diretor da Conatel Andrés Eloy Méndez disse que as emissoras colombianas incorreram no delito de "instigação do ódio".
Os canais transmitiram ao vivo, inclusive na Venezuela, declarações da procuradora-geral deposta, Luisa Ortega Díaz, em que fez as acusações contra Maduro e os números dois e três do chavismo, Diosdado Cabello e Jorge Rodríguez.
A Caracol ainda foi uma das primeiras a revelarem que a dissidente deixaria o país, junto com a americana Univisión. O diretor de notícias do canal, Juan Roberto Vargas, disse que o regime chavista até demorou em censurá-lo.
"A situação da procuradora foi a cereja do bolo, foi o que levou o regime a tomar essa decisão. A nossa missão como jornalistas é contar a notícia e [esses] são fatos que têm a ver com uma ditadura", disse.
Em nota, a RCN afirma que continuará a informar as Américas "apesar das graves violações contra nossos direitos à liberdade de imprensa e expressão" —outro canal do grupo, o NTN24, está censurado desde abril de 2014.
Parte da programação da RCN foi censurada na Venezuela em fevereiro, quando estreou a série "El Comandante", inspirada na história de Hugo Chávez (1954-2013). Ela foi proibida e desatou uma campanha para "falar bem" do líder da Revolução Bolivariana.
À imprensa internacional na terça (22), Maduro fez duras críticas à Colômbia, afirmando que a capital Bogotá era "o centro da conspiração contra a Venezuela" e que a relação entre os dois países estava "destruída".
Após a censura, a Chancelaria colombiana pediu que se revise a decisão, considerada pelo governo de Juan Manuel Santos "uma clara violação à liberdade de imprensa que garante o direito à investigação dos cidadãos".
Com a Caracol e a RCN, são cinco os canais censurados na Venezuela. Antes, saíram do ar Todo Notícias (Argentina) e El Tiempo TV (Colômbia) em abril e a CNN en Español em fevereiro.
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