Andares e projetos
Evelson de Freitas - 21.set.2017/Folhapress | ||
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Vista do centro de São Paulo |
Paulistanos não raro esperam o pior ante propostas que permitam prédios mais altos na cidade.
A mais recente partiu da secretária de Urbanismo da gestão João Doria (PSDB), Heloisa Proença —o fim do limite de oito andares para edifícios localizados nas ruas secundárias dos bairros.
Justifica-se o trauma com a verticalização em São Paulo. Em anos recentes, construções elevadas esvaziaram o que eram calçadas vibrantes do Baixo Augusta e da Vila Madalena; condomínios amuralhados deixam vias ermas do Morumbi à Barra Funda; espigões afastados da rua viraram a norma em Moema e Vila Olímpia.
Por que permitir que o mercado imobiliário continue a piorar a paisagem da cidade? Faltam, isso sim, bons projetos. A resistência à ideia de torres vizinhas ao Teatro Oficina ou no parque Augusta se explica, em parte, pela má qualidade do que é apresentado.
A questão não se resume à estética. Se uma vizinhança piora com novas construções, os imóveis e a própria cidade se desvalorizam.
Nem sempre foi assim. Ergueu-se o Conjunto Nacional, por exemplo, onde antes havia um único palacete aristocrático, de uma só família, na avenida Paulista.
Com calçadas generosas, marquises e corredores que protegem o pedestre da chuva e do sol forte; comércio, restaurantes, cinemas e livraria no térreo, além de escritórios de múltiplos tamanhos e apartamentos, produziram uma das quadras mais vivas da região.
Trata-se de caso exemplar de um empreendimento privado (palavra ainda amaldiçoada por alguns) a melhorar o espaço público.
Faz-se necessário que a prefeitura tenha mecanismos mais claros e ativos para exigir a contrapartida de quem vai mudar as características de bairros tradicionais. As gestões municipais têm priorizado o aumento da arrecadação em detrimento do planejamento urbano.
Como antes, do BNH dos militares ao Minha Casa, Minha Vida petista, o estímulo à construção civil ignora a qualidade dos conjuntos habitacionais nas periferias.
O adensamento permite que megalópoles fiquem mais compactas, facilitando um transporte de massa eficiente, caminhadas e bairros de usos mistos. Assim, freia-se a expansão do concreto e do asfalto rumo aos limites da cidade. Sem boas soluções, entretanto, torna-se mais difícil advogar pela causa.
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Comentários
Ver todos os comentários (6)WASHINGTON FAJARDO
13/11/2017 17h06 DenunciarWASHINGTON FAJARDO
13/11/2017 17h06 DenunciarVerticalização não produz boa densidade. Densidade, por si só, quantitativamente, não cria bons lugares. O Conjunto Nacional é um bom lugar. É esse tipo de design que as cidades precisam. É necessário desenhar a forma da cidade e controlar a expansão. Paris e Barcelona são mais densas que São Paulo. E melhores. E mais sustentáveis.
WASHINGTON FAJARDO
13/11/2017 17h06 DenunciarVerticalização não produz boa densidade. Densidade, por si só, quantitativamente, não cria bons lugares. O Conjunto Nacional é um bom lugar. É esse tipo de design que as cidades precisam. É necessário desenhar a forma da cidade e controlar a expansão. Paris e Barcelona são mais densas que São Paulo. E melhores. E mais sustentáveis.
Verticalização não produz boa densidade. Densidade, por si só, quantitativamente, não cria bons lugares. O Conjunto Nacional é um bom lugar. É esse tipo de design que as cidades precisam. É necessário desenhar a forma da cidade e controlar a expansão. Paris e Barcelona são mais densas que São Paulo. E melhores. E mais sustentáveis.