Código florestal não protegerá espécies da Amazônia, diz estudo
O novo código florestal pode estar falhando na proteção do ecossistema da Amazônia. Um estudo, desenvolvido a partir da parceria de 18 instituições de vários países, entre elas a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a USP e a Imazon, mostrou que apenas preservar a mata nativa não garante a conservação da biodiversidade. A pesquisa foi publicada nesta quarta (29) na revista "Nature".
O foco do estudo foi o Pará, onde ocorreu, entre 1988 e 2015, 34% de todo desmatamento da floresta amazônica brasileira. Das 36 regiões analisadas no estado, 31 apresentavam algum vestígio de mata nativa e cinco estavam totalmente desmatadas. Ao todo foram encontradas 1.538 espécies de plantas, 460 de pássaros e 156 de besouros. Mamíferos não foram considerados na pesquisa.
Ignorar a atividade madeireira, os incêndios e a fragmentação das áreas de floresta é o erro da política ambiental brasileira, segundo os autores. As análises feitas indicam que estas interferências são tão danosas para a biodiversidade quanto o próprio desmatamento.
Os resultados mostraram também que as espécies com maior risco de extinção, como pássaros endêmicos (somente encontrados em determinada região), são as mais afetadas. Mesmo propriedades com 80% da mata nativa preservada sofreram perdas relacionadas à conservação ambiental. Esse é o percentual de preservação exigido pelo código florestal nas propriedades amazônicas.
Além da proteção quantitativa das florestas tropicais, o estudo sugere a preocupação com a qualidade de preservação das matas restantes.
Uma ideia seria criar conexões entre áreas de preservação, utilizando fazendas ociosas como corredores para o trânsito de espécies.
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