Ministro defende intervenção na Oi, mas Temer deve manter distância
Nacho Doce/Reuters | ||
Logo da Oi |
BRASÍLIA - Nesta semana, um ministro aconselhou o presidente Michel Temer a ficar longe da Oi. Para esse ministro, que não é o das Comunicações, Temer deveria baixar a medida provisória que abrirá caminho para a intervenção na tele e, depois disso, tanto o presidente como sua equipe política deveriam deixá-la seguir seu destino em busca de uma "solução de mercado".
Para quem monitora a Oi no governo, a saída seria entregar 90% da tele aos credores, que hoje têm R$ 64,5 bilhões para receber na Justiça, onde corre o processo de recuperação da companhia. Isso feito, o resto seria consequência. Sem a intervenção, os sócios resistem a isso porque perderiam o comando da tele.
O raciocínio do ministro foi o seguinte: na Vale, empresa em que o governo sempre mandou e desmandou via fundos de pensão de estatais, a substituição de Murilo Ferreira por Fabio Schvartsman não foi política e o mercado reagiu bem à troca. À frente da Klabin, Schvartsman conseguiu devolver força à maior produtora e exportadora de papel do país.
A Oi não é a Vale. O ferro processado pela mineradora vale mais que uma linha fixa de telefone. Mesmo assim, o ministro quis dizer que, sob intervenção, é mais fácil encontrar uma saída, mesmo que ela contrarie os acionistas.
Desde sua criação, a Oi sangrou em benefício dos sócios que, em momentos de dificuldade, encontraram financiamentos camaradas no BNDES e "jeitinhos" no governo para superar barreiras regulatórias.
Dois golpes foram duros: a compra da Brasil Telecom, em 2008, e a fusão com a Portugal Telecom, processo que começou em 2010 e se concretizou em 2014 permitindo aos antigos sócios saírem da Oi sem dívidas.
Ambos os episódios tiveram a ingerência do ex-presidente Lula. Dilma Rousseff resistiu, mas o BNDES acabou entrando na operação que selou a fusão com os portugueses e aumentou em R$ 20 bilhões a dívida da que seria a supertele nacional.
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