paula cesarino costa
ombudsman
Está na Folha desde 1987. Foi Secretária de Redação e editora de Política, Negócios e Especiais. Chefiou a Sucursal do Rio até janeiro de 2016. Escreve aos domingos.
Debate com líderes religiosos é alvo de críticas de leitores
Carvall | ||
"E os ateus?" A pergunta se repetiu em mais de uma centena de emails que inundaram a caixa de mensagens da ombudsman desde terça, 22. Leitores questionavam a exclusão de ateus e agnósticos de debate que acontecerá no dia 29, em São Paulo, promovido pela Folha.
O jornal anunciou a realização do encontro, que discutirá o papel das religiões na crise do Brasil, com a presença do cardeal dom Odilo Scherer (arcebispo católico de São Paulo), do xeque Houssam el Boustani (muçulmano), do reverendo Davi Charles Gomes (presbiteriano) e do rabino Michel Schlesinger (Congregação Israelita Paulista).
Mensagens cobravam representantes de religiões de matrizes africanas e de espíritas, mas a maioria reclamava da ausência de ateístas.
A onda de emails foi estimulada por uma entidade denominada Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), cujo presidente exortou associados e seguidores a se queixarem. Grande parte das mensagens tinha trechos idênticos e argumentava que o debate sem um ateu seria um "monólogo".
Segundo o Censo 2010, do IBGE, 64,6% dos brasileiros se dizem católicos, 22,2% evangélicos, 2% espíritas, 3% são adeptos de umbanda e/ou candomblé e as outras religiões, somadas, atingem 2,7%. Os que dizem não ter religião são 8%.
Para a editora de Treinamento e Seminários, Suzana Singer, não estará em discussão o Estado laico. "Não há razão para chamar um representante ateu. Para garantir um debate dinâmico, limitamos o número de palestrantes a quatro denominações religiosas, sem a intenção de refletir a distribuição de credos na população brasileira"
Não acho que a organização de um debate deva necessariamente obedecer a divisão religiosa do país. No entanto, faltou critério claro na composição da mesa. A mim, causou surpresa a ausência de representante do neopentecostalismo, uma das maiores e mais atuantes forças político-religiosas brasileiras.
Leia a coluna completa aqui.
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