Fã de ninjas, Enzo, 3, é o primeiro rokussei do Brasil
Enzo Yuta Nakamura Onishi tem apenas 3 anos, mas já é um dos símbolos do centenário da imigração japonesa no Brasil, que é comemorado neste ano. O menino é o primeiro rokussei do país, ou seja, o primeiro integrante da sexta geração de descendentes dos imigrantes que chegaram a Santos (SP) a bordo do navio Kasato Maru, em 1908.
O "título" foi descoberto há pouco mais de um ano, quando a família foi procurada pela emissora de TV estatal do Japão, a NHK, para uma reportagem.
Arquivo pessoal |
Enzo Onishi, 3, e o pai, Valter, em praia; garoto é o primeiro rokussei |
Coincidentemente, não era a primeira vez que a família Onishi marcava seu nome na história da integração entre brasileiros e japoneses --em 1985, eles comemoraram a descoberta de que a mãe de Enzo, a farmacêutica Vanessa Mayumi Nakamura Onishi, então com 12 anos, era a primeira gossei, ou seja, a pioneira da quinta geração de descendentes no Brasil.
"Foi uma grande alegria e uma surpresa quando soubemos que o Enzo era o primeiro rokussei, porque eu engravidei com mais de 30 anos", afirma.
Todos esses marcos fizeram com que a família iniciasse uma coleção de documentos ligados aos antepassados. O avô de Enzo e pai de Vanessa, Ossamu Nakamura, 64, exibe orgulhoso provas de que ao menos três dos quatro tetravós do menino estiveram no Kasato Maru. "Em 2007, levamos uma tia [trisavó de Enzo e bisavó de Vanessa] a Santos e ela reconheceu o pai em uma fotografia dos passageiros do navio", conta.
Enzo imita os lutadores do sumô que o avô assiste pela TV a cabo; a mãe usa o japonês para mandar ele ir escovar os dentes depois de acordar; e as armas de ninja são os brinquedos de que ele mais gosta. Mesmo com os ídolos estampados no material escolar, a escola bilíngue que Enzo começa a freqüentar neste ano tem aulas em inglês.
"Espero que ele aprenda um pouco de japonês com os avós paternos, que nasceram lá." Esses avós imigraram na década de 60 e mantêm um templo da Igreja Tenrikyo, do Japão, na zona norte de São Paulo. Foi perto deles que Vanessa percebeu o quão brasileiros estão os Onishi do século 21.
"Nós mantemos diversos costumes, como o de entregar dinheiro a pessoas cujos familiares estão doentes ou morreram recentemente e o de tomar uma sopa que dá boa sorte no Ano Novo. Quando conheci meus sogros, porém, eu os deixei constrangidos ao cumprimentá-los com abraços e beijos enquanto eles esperavam que eu abaixasse a cabeça à distância, e percebi que minha cunhada nunca gargalhava: ria com a mão sobre os lábios."
Desde o nascimento do Enzo, os avós mudaram um pouco. "Mas dos estranhos eles ainda esperam receber, no máximo, um aperto de mão."
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