Reconstrução em GO vira exemplo para São Luiz do Paraitinga (SP)
Em 31 de dezembro de 2001, fortes chuvas atingiram a cidade de Goiás (150 km de Goiânia) e destruíram o centro histórico do município que recebera, naquele mesmo mês, o título de patrimônio histórico da humanidade dado pela Unesco.
Pesquisa indica que Brasil prefere remediar a prevenir desastres naturais
Serra libera mais R$ 4,4 mi para cidades atingidas pelas chuvas
Oito anos depois, a reconstrução do local --que, em pouco mais de um ano, quase não exibia os sinais da tragédia-- é usada como referência para demonstrar que nem tudo está perdido em São Luiz de Paraitinga (SP), cidade histórica paulista que também foi vítima de fortes chuvas numa virada de ano.
Técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Goiás chegaram ontem (8) à cidade paulista para avaliar o cenário no local. Não têm data para voltar.
Salma Saddi, superintendente do instituto em Goiás, diz que, pelas imagens que viu do local, percebe "grande semelhança" entre os dois episódios.
Na época, as chuvas e o transbordamento do rio que corta Goiás destruíram 16 pontes, 170 imóveis --a maioria do século 18, construída com adobe (tijolo grande de argila e palha) e pau a pique--, destruíram monumentos (como a Cruz de Anhanguera, marco da passagem dos bandeiras) e arrasaram a casa onde viveu a poeta Cora Coralina (1889-1985), onde hoje existe um museu.
"Os manuscritos e livros dela ficaram debaixo da lama. Uma especialista em arquivo do Iphan nos orientou a fazer pacotinhos com os papéis e colocar tudo em freezers. Não perdemos um documento dela."
Segundo ela, o mesmo pode ser feito com arquivo da prefeitura e do fórum de São Luiz, já dados como "irrecuperáveis".
Originais
De acordo com o arquiteto Paulo Sérgio Galeão, chefe do escritório do Iphan em Pirenópolis (GO) e membro da "comitiva" que chega a São Luiz, a ideia é utilizar o máximo de materiais e técnicas construtivas semelhantes às originais. Ele aposta que será possível reconstruir boa parte dos casarões.
Em Goiás, muitas telhas foram recuperadas, mas as janelas, por exemplo, foram refeitas com a ajuda do Ibama, que doou 60 metros cúbicos de madeira ilegal apreendida.
"A parte civil das construções --a alvenaria e o telhado--, não tem uma personalidade tão imprescindível como tem a parte artística, que são pinturas, esculturas, entalhes", diz ele.
Segundo Galeão, o ideal é que o prédio fique "idêntico ao original do ponto de vista visual". Cerca de R$ 9 milhões (60% do previsto à época) foram usados na reconstrução de Goiás, terminada em março de 2003. Parte das obras foi bancada por empresas públicas e privadas.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha