'Linha de frente', sargento da PM assassinado em Santos era ameaçado
Sempre que empunhava a submetralhadora, a cara do sargento Marcelo Fukuhara, 45, estava fechada. No entanto, quando chegava em casa, o ar sisudo dava lugar a um sorriso, dizem os familiares.
Famílias de PMs mortos vão à Justiça para receber seguro
Chamado de "linha de frente" pelos amigos da Força Tática, o sargento comandou ações em morros de Santos e, numa delas, traficantes foram mortos neste ano.
Fukuhara foi assassinado com tiros de fuzil no domingo retrasado. Imagens de uma câmera que mostram o policial sendo atingido foram repetidas à exaustão na TV.
Diante da repercussão, uma foto dele fardado e armado foi postada no Facebook e deu início a centenas de mensagens de apoio.
De acordo com parentes, Fukuhara "trabalhava duro" contra o crime, mas quando estava em família era do tipo que abria a porta para a mulher sair do carro e cozinhava para os enteados.
"Vivíamos muito juntos, eu e ele e meus filhos. Ele ensinou meu filho a andar de bicicleta e a minha filha a dirigir", afirmou. Ele era casado havia 11 anos com Rosana Gonçalves, que diz ter se apaixonado pelo PM quando ele fazia bico no bufê dela.
"Ele morreu injustamente e violentamente. Perdi meu querido amigo e meu marido em nome de nada, por uma farda", disse Rosana à TV Tribuna, afiliada da Globo.
Segundo ela, as ameaças de morte contra ele eram constantes. No dia do crime, ele dispensou a escolta. "A gente sabia das ameaças e o comando também", afirmou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
VIDA NO APERTO
Outra vítima dos recentes ataques contra PMs, o soldado Laércio Ferreira Borges, 42, nunca sofreu ameaças, segundo a mulher, a promotora de vendas Renata dos Anjos, 31.
Ele foi assassinado num bar no último dia 28. Segundo a mulher, foi até lá para comprar um quilo de arroz.
Nove dias antes da morte, foi ver preços de alianças. "A gente estava havia 11 anos juntos, mas queria casar no papel", disse Renata. "Ele sempre ganhou pouco e a gente vivia no aperto. Mas era feliz."
Para a advogada Ingrid dos Santos, amiga da família de Borges, os parentes de PMs mortos na folga têm direito ao pagamento do seguro.
"Se morreu por ser PM, é justo", conta ela, que também move ações para que PMs recebam indenização.
As recentes mortes fizeram parentes de PMs mortos nos ataques de 2006 reviverem um pesadelo. "Vi na TV a cena do sargento morto e lembrei da barbaridade com meu marido. Não dormi", disse Selma Leão, viúva do PM Carlos da Silva Cardoso. (GIBA BERGAMIN JR.)
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha