'Tive medo de invadirem o ônibus', diz jovem durante protesto
Cerca de 30 pessoas ficaram quase uma hora dentro de um ônibus parado na rua Augusta, na região central de São Paulo, cercada por manifestantes e policiais que entraram em confronto durante um protesto contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trens.
"Ninguém teve coragem de descer. A gente ficou com medo de invadirem o ônibus. Só abrimos as janelas quando começou a entrar o cheiro do gás", afirmou a corretora Daiane Cristina machado, 26, que seguia para a República, quando o ônibus em que estava ficou parado no meio do confronto.
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"Tocaram fogo lá embaixo, quebraram coisa, foram muitas bombas", completou ela.
O protesto bloqueou vias como Paulista, Angélica e a Consolação, onde começou o confronto. Alguns motoristas que ficaram parados na rua Caio Prado por conta da confusão entre manifestantes e policiais militares, decidiram trancar e abandonar os carros na via.
PROTESTO
Esse é o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.
Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Entre os detidos está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.
O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.
Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas formou uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região.
NEGOCIAÇÕES
Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.
Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.
"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.
O prefeito Fernando Haddad (PT) também disse que não reduzirá a tarifa de ônibus. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha.
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