Haddad admite reduzir tarifa se tiver o apoio da população
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), admitiu pela primeira vez a possibilidade de revogar o aumento da tarifa de ônibus. "Se as pessoas me ajudarem a tomar uma decisão nessa direção [redução da tarifa], eu vou me subordinar à vontade das pessoas porque eu sou prefeito da cidade", disse o petista em reunião, na manhã de hoje, com o Conselho da Cidade e líderes do Movimento Passe Livre.
No entanto, Haddad frisou que reduzir a passagem de ônibus de R$ 3,20 para R$ 3,00, como pediram ontem mais de 65 mil pessoas pelas ruas de São Paulo, custaria à prefeitura da cidade mais de R$ 8 bilhões até 2016. A estimativa é da Secretaria Municipal de Transportes.
"Eu não posso negar a verdade para as pessoas", disse o prefeito sobre o custo da redução. "Preciso explicar à população que se tivermos de aumentar os subsídios [no transporte], vai sair de outras áreas", continuou. Segundo o prefeito, o valor do congelamento até 2016 seria suficiente para dobrar a rede de hospitais ou contratar 20 mil médicos.
"Vou fazer uma reflexão sobre os números, sobre o que ouvi [na reunião] e vou dar uma resposta para o movimento e pronto", acrescentou.
Segundo Haddad, a prefeitura está disposta a discutir redução de lucros dos empresários do transporte e pedir mais desonerações ao governo federal.
E também afirmou ser a favor do financiamento do transporte público por quem usa o transporte individual. "Às vezes precisamos tomar decisões mais ousadas", disse. Haddad acredita que sobretaxar veículos privados "dialoga também com a questão ambiental".
Sobre as reivindicações dos manifestantes, o prefeito defendeu que o MPL pede, na verdade, um congelamento da tarifa em R$ 3,00, e não apenas a revogação."Eles próprios acabaram admitindo que trata-se de um congelamento porque não é perspectiva do movimento conviver com algum reajuste."
Haddad finalizou a reunião deixando as portas da negociação abertas. "Não vou fugir do tema. Vamos ajudar a cidade a tomar a melhor decisão."
O secretário de transportes, Jilmar Tatto, também presente à reunião, admitiu que o setor ainda está "atrasado". "Há nove anos, eles [os empresários do transporte] foram contra a implantação do bilhete único."
"Se o prefeito tomar essa decisão [de reduzir a tarifa], terá de aumentar os impostos. Ou pedir mais desonerações. O governo federal está fazendo a sua parte, mas pode fazer mais".
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