Cantareira é desmatada sem compensação em obras do Rodoanel
O desmatamento em curso de áreas municipais na Cantareira, por causa das obras do Rodoanel norte, está sendo feito sem a definição de qual será a contrapartida do estrago ambiental.
A obra é da Dersa, ligada ao governo do Estado. O licenciamento ambiental é feito pela Cetesb, também do governo estadual.
Dersa diz que depositou R$ 25 mi em fundo estadual ambiental
Tanto a cidade de São Paulo, quanto Guarulhos e Arujá, por terem áreas afetadas diretamente pelo empreendimento, têm direito a pleitear alguma recompensa, inclusive em dinheiro.
No caso da capital, a serra da Cantareira é uma região sensível do ponto de vista ambiental. O Rodoanel vai atravessar sete áreas onde existem parques municipais sendo implementados.
Dois deles, o do Itaguaçu e o do Bispo, começaram a ser ceifados pelas máquinas. A área, até agora, é pequena --menos de 1% dos 144 hectares de mata nativa que a obra vai destruir. O dano não será maior porque parte da estrada está enterrada em túneis.
Os parques do lado de São Paulo vão ser literalmente divididos pela estrada, o que causa um enorme impacto tanto para a vegetação quanto para a fauna local.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Em todo o processo de licenciamento ambiental que corre na Cetesb, a agência ambiental paulista, não existe nenhum aval formal, da prefeitura paulistana, para que as matas da zona norte sejam derrubadas.
A funcionária pública que alertou o problema ao atual secretário Ricardo Teixeira (PV), por meio de um relatório interno ao qual a Folha teve acesso, está exonerada do serviço público.
No texto, técnicos antigos secretaria, ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato, pedem o embargo da obra do Rodoanel.
Eles dizem que não são contra a construção, mas que ela precisa ter contrapartida menos tímida ao ambiente.
O grande temor do grupo de técnicos e de vários ambientalistas é que os parques municipais da borda da Cantareira não sejam totalmente implementados pela prefeitura de São Paulo --o que deixaria a área ainda mais suscetível à invasão da cidade, que pressiona há décadas as matas nativas do local.
Quando um total de 11 parques da borda da Cantareira foram desenhados, na gestão anterior do secretário Eduardo Jorge (PV), o intuito era exatamente proteger a floresta que ainda existe em toda a serra da Cantareira.
Os parques serviriam como uma espécie de escudo ao parque Estadual da Cantareira, que está mais ao norte.
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