Governos anunciam plano de apoio a imigrantes no Acre e em São Paulo
Em ação conjunta, o governo federal, o governo do Estado e a prefeitura de São Paulo assinaram nesta sexta-feira (30) termo de compromisso de um "plano de apoio aos imigrantes".
A medida foi tomada após o governo do Acre ter enviado cerca de 400 imigrantes do Haiti a São Paulo, que provocou troca de acusações entre o governador acriano Tião Viana (PT) e o paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
A parceria foi assinada pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), pela secretária estadual Eloisa Arruda (Justiça) e pelo secretário municipal Rogerio Sotilli (Direitos Humanos) na primeira Conferência Nacional sobre Migrantes e Refúgio.
O plano envolve ações no exterior, no Acre e em São Paulo. Apesar da ação conjunta, representantes dos governos trocaram provocações em declarações. Arruda disse que "o governo federal se comprometeu a organizar o fluxo dentro do Estado brasileiro, para não haver situações como agora, com pessoas colocadas em ônibus e transportadas em situações desumanas".
Em palanque, Cardozo afirmou que "o governo federal não vai abrir mão" de políticas de acolhimento de migrantes.
O governo federal anunciou aumento de vistos para o Brasil nas embaixadas de Porto Príncipe, no Haiti, e Quito, no Equador. Também foram anunciadas campanhas de comunicação no Haiti, Equador e Peru e reuniões de cooperação e combate à exploração no exterior.
No Acre, o governo disse que a Polícia Federal fará o registro inicial dos imigrantes e será emitido CPF e carteira de trabalho. O plano prevê que na capital Rio Branco será feito o acolhimento e intermediação de mão de mão de obra, além de mobilidade assistida a outros Estados.
O governo de São Paulo se comprometeu a criar um centro de integração e cidadania para migrantes, ao lado do Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda. O centro, segundo o governo, será inaugurado até o fim do ano e emitirá documentação, abrigará cursos de português, profissionalizantes e posto da Defensoria Pública.
A prefeitura é responsável por criar um centro de referência e acolhida, no Centro, para abrigar 200 imigrantes.
DO ACRE A SÃO PAULO
Para acompanhar a saga dos imigrantes até o Brasil, a reportagem da Folha percorreu por terra e ar, desde São Paulo, 8.086 km. No Acre, visitou Rio Branco, Brasileia e Epitaciolândia (na fronteira com a Bolívia), e Assis Brasil (fronteira com o Peru). Na Bolívia, esteve em Cobija, capital do departamento de Pando. No Peru, ponto mais perigoso da travessia que inclui ainda países como Equador e República Dominicana, passou por Iñapari, Iberia e Puerto Maldonado.
Ao todo, foram 11 dias de viagem.
O vídeo abaixo documenta a saga reportada pela Folha em uma série publicada nesta semana em três partes: o tráfico de imigrantes na fronteira, as precárias condições do abrigo no Acre e a viagem de Rio Branco a São Paulo.
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