Mortes de mulheres em GO continuam sem solução 8 meses após 1º caso
Oito meses após a morte de Bárbara, de 14 anos, a primeira das 15 jovens mortas em circunstâncias semelhantes este ano em Goiânia, nenhum dos crimes foi esclarecido pela Polícia Civil.
Os assassinatos, cometidos por um homem de moto e que em geral nada roubou, levaram pânico à capital goiana e foram tema da campanha eleitoral de adversários do tucano Marconi Perillo, que tenta a reeleição.
Familiares das mulheres reclamam não apenas da demora na solução dos casos mas também da falta de apoio psicológico prometido pelo governo. Perillo reuniu-se com as famílias em agosto para oferecer o tratamento.
Há parentes que dizem que nem sequer foram procurados pelo governo, e outros afirmam que a consulta com um psicólogo foi desmarcada sem novo agendamento.
O servidor público Eder Nascimento, 33, pagou do próprio bolso duas consultas com psicólogo para a mãe dele, avó da primeira vítima.
"Para falar a verdade, eu nem sabia que tinha [atendimento psicológico gratuito]", disse o tio de Bárbara.
Na família, ele e a mãe são os que acompanham as investigações. Para Nascimento, o caso de sua sobrinha só ganhou atenção após a última morte, em agosto.
"A polícia está trabalhando. O que faltou não foi ação da polícia, mas do governo, de ter colocado mais gente na equipe e mais material para acelerar o trabalho."
Segundo ele, os próprios policiais civis admitiram estar sobrecarregados com dezenas de outros homicídios.
Marido de Lilian, 27, morta em fevereiro, o mecânico Carlos Eduardo Valczak, 35, diz que ninguém o procurou para marcar uma consulta para seus filhos, Ana Caroline, 11, e Carlos, 7. A mais velha, diz, vive calada desde a morte da mãe.
Irmã de Beatriz, 23, a segunda vítima, Lorena Oliveira Moura, 23, conta que a consulta foi agendada, mas a psicóloga a cancelou no mesmo dia. Em nova data, foi Lorena quem não pode ir, e não houve remarcação.
Situação parecida relata Marcos Paulo Barbosa, 26, irmão de Taynara, 13, morta em junho. Foi agendado atendimento para a mãe dele e a sobrinha. "Mas, no dia, minha mãe precisou ir à delegacia e depois ninguém ligou mais."
Marlene de Sousa, 53, mãe de Bruna, 27, a sétima vítima, foi a duas sessões, assim como Cristiano Ronaldo, 7, filho da vítima.
Ela reclama, porém, da distância: são dois ônibus do Jardim Itaipu, onde vive, até o centro, local do atendimento. O tempo gasto para ir e voltar fez com que o menino chegasse atrasado à escola.
Parentes de outras vítimas dispensaram a oferta de apoio do governo.
OUTRO LADO
O governo, em nota, diz que os casos estão sob investigação, mas que homicídios "são sempre complexos e exigem tempo e equipes numerosas", além de "levantamento robusto de provas".
Há demora, diz, na quebra de sigilos telefônicos, o que não depende do Estado.
Sobre o apoio psicológico, a pasta diz ter localizado 14 famílias e feito o "primeiro atendimento" de dez.
Após essa etapa, segue a nota, quatro desistiram, principalmente por dificuldades de deslocamento.
Weimer Carvalho/Folhapress | ||
Marlene Bernardete, 53, mãe de Bruna Gleycielle Gonçalves, 26, uma das jovens assassinadas em GO |
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