No Rio, Carnaval de rua supera folia na avenida
O Carnaval de rua do Rio de 2015 deve ser quase cinco vezes maior do que o da avenida Marquês de Sapucaí, onde fica o Sambódromo.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) do Rio estima que a avenida reunirá 1 milhão de pessoas. Já a festa na rua deverá ter 5 milhões de foliões, afirma a Riotur, a empresa municipal de turismo.
Os 455 blocos autorizados começam a sair neste fim de semana, e a folia durará até o dia 22 de fevereiro. Os não autorizados já começaram a festa. No último dia 4, o Boitolo desfilou dentro do aeroporto Santos Dumont.
Especialistas em samba ouvidos pela Folha afirmam que o Carnaval de rua tem mais força cultural.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Funcionárias no barracão da escola Mangueira, onde são feitos os preparativos para o desfile de 2015 |
"Nos últimos 15 anos, a avenida foi se elitizando e se afastando do povo. O bloco é mais carnavalesco no sentido de ser mais dionisíaco, mais bagunçado", opina Rachel Valença, pesquisadora e ex-vice-presidente da escola Império Serrano.
Ela pondera que a marca do Carnaval de avenida ainda é mais forte por causa da maior visibilidade.
"No sentido de espetáculo, nada se compara à Sapucaí", concorda o violonista Luis Felipe de Lima, que toca em blocos e participa das gravações dos sambas-enredo.
Mas, para Lima, o Carnaval de rua tem sido um espaço mais criativo e propício para a experimentação.
"Vejo com bons olhos a diversidade de estilos além do samba que temos hoje nos blocos, como o Exalta Rei!", afirma em referência ao grupo que cria arranjos carnavalescos inspirados em canções de Roberto Carlos.
FREIO
O Carnaval de rua não deverá crescer mais. O secretário de Turismo, Antonio Mello, acha que o número de blocos não deve aumentar.
A prefeitura já não concede autorização para novos blocos na zona sul da cidade, onde eles estão em maior concentração.
Quatro blocos conhecidos dos cariocas não desfilarão neste ano: Azeitona Sem Caroço, Vem Ni Mim Que Sou Facinha, Exalta Rei! e Bloco Cru. Organizadores alegam falta de recursos e burocratização excessiva.
"Neste ano, o grande tema será a falta de dinheiro", brinca Rodrigo Rezende, organizador da Liga dos Amigos do Zé Pereira, que representa nove blocos.
Na Sapucaí, a possibilidade de um Carnaval monotemático, comemorando os 450 anos da cidade, não vingou. Apenas a Portela acatou.
Os temas, aliás, passam longe da cidade: o Estado de Minas Gerais será homenageado pela Salgueiro, a Suíça, pela Unidos da Tijuca.
Já a Mocidade optou por tentar responder à pergunta: "Se o mundo fosse acabar, o que você faria se só lhe restasse um dia?".
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