Audiência na Justiça tenta pôr fim à greve de ônibus em Curitiba
A greve que paralisou o sistema de ônibus de Curitiba, considerado modelo de transporte público, continuava em andamento no início da noite desta segunda-feira (26).
Uma audiência na Justiça do Trabalho, iniciada às 17h, tentava pôr fim à paralisação, que tirou todos os ônibus das ruas a partir da meia-noite.
O desembargador Luiz Eduardo Gunther, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), pedia que se fizesse valer a ordem judicial que ordenou a circulação de no mínimo 50% da frota durante a greve. Nenhum ônibus circulou durante o dia.
A greve é motivada pelo atraso de salários, que vem ocorrendo desde o fim do ano passado. No último dia 20, motoristas e cobradores não receberam o adiantamento de 40% do salário, o que levou à paralisação de hoje, válida por tempo indeterminado.
A categoria reclama que tem sido tratada como "palhaço". Alguns motoristas chegaram a usar narizes vermelhos de plástico para trabalhar nos últimos dias.
Nas ruas, passageiros tiveram de recorrer ao carro, a táxi ou a lotações, que cobram R$ 6 por pessoa, para irem ao trabalho. Centrais telefônicas ficaram congestionadas, assim como o trânsito.
Algumas lojas no centro só abriram perto do meio-dia. Outros empresários, prevenidos, buscaram seus funcionários de carro, em "caravanas".
A prefeitura tentou remediar: para substituir os icônicos biarticulados -os ônibus "vermelhões" que se tornaram símbolo do transporte de Curitiba-, kombis foram colocadas à disposição dos passageiros nos principais terminais. As peruas operam gratuitamente e fazem o mesmo roteiro dos biarticulados.
Esta é a terceira greve geral dos ônibus em Curitiba desde 2012.
A cidade é conhecida por ter um sistema de transporte público modelo, concebido na década de 1970 e copiado em todo o mundo. São características as vias exclusivas para ônibus, as estações-tubo, o pagamento antecipado da passagem e a integração das linhas em terminais.
FUNDO POLÍTICO
As empresas de ônibus argumentam que estão sem dinheiro devido a atrasos nos pagamentos feitos pelo poder público.
O governo do Paraná, comandado por Beto Richa (PSDB), dá um subsídio mensal ao sistema, mas ainda não pagou as últimas três parcelas, numa dívida de R$ 16,5 milhões.
A prefeitura, gerida pelo adversário político Gustavo Fruet (PDT), afirma que a falta desse repasse impediu o pagamento integral às empresas.
Governo e prefeitura travam agora uma queda de braço para definir o valor mensal dos repasses. No início do mês, o convênio que firmava o subsídio expirou.
A gestão de Richa quer pagar menos por passageiro; a prefeitura discorda do cálculo feito pelo governo e o acusa de "desinteresse" pelo transporte coletivo.
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