Fábricas de jeans tentam diminuir o uso de água na sua produção
O Brasil ocupa lugar de destaque na América Latina como o maior produtor de jeans da região e terceiro maior do mundo. Ao todo, segundo a última contagem do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, o país produziu cerca de 350 milhões de peças em 2012.
Esse título, no entanto, traz um problema que empresários e consumidores não podem ignorar. A peça é uma das maiores agressoras do ambiente e uma ameaça aos mananciais brasileiros. Calcula-se que são necessários, dependendo da peça, entre 3 mil e 10 mil litros de água para produzir uma única calça jeans.
O desafio de reduzir o impacto ambiental da confecção do jeans fez com que empresas como a americana Levi's, a holandesa G-Star e a brasileira Damyller se tornassem referência no assunto.
Em parceria com a ONG Greenpeace, a primeira estipulou o ano de 2020 como prazo para abolir totalmente o uso de produtos tóxicos dentro da fábrica e de seus fornecedores.
Em 2007, junto com a ONG Better Cotton Initiative, conseguiu reduzir em 95% a quantidade de água gasta no tratamento do algodão e na lavagem.
O presidente da Levi's, Chip Berg, disse ter passado um ano sem lavar uma de suas calças jeans para chamar a atenção dos consumidores para o desperdício de água. É que, ao contrário do que se imagina, não é necessário lavar as calças todos os dias. Uma vez por mês é o indicado para manter a higiene e a conservação da peça.
A lavagem também é um ponto crucial para o jeans produzido pela grife Damyller. Desde sua fundação, há 35 anos, a empresa catarinense reutiliza 90% da água usada na confecção por meio de um sistema de tratamento nas fábricas.
Em 2010 a marca também comprou uma máquina de ozônio, criada na Espanha, que reduziu em 3,3 milhões de litros o gasto mensal de água no tratamento de seus produtos.
"A consciência tem de partir desde o início da concepção de uma grife. No caso do jeans, isso é ainda mais imperativo. Mas também não acho que o problema do gasto excessivo de recursos naturais seja exclusivamente dos empresários. A alta carga tributária e os impostos que incidem no vestuário impossibilitam investimentos desse tipo", diz Cide Damiani, proprietário da marca.
Para o indiano Shubankar Ray, diretor global de desenvolvimento da G-Star, as pessoas hoje pensam muito mais na origem da peça e no processo de manufatura antes de comprar uma roupa.
Tanto o náilon quanto o denim da marca passam por processos de secagem com ozônio e tingimento natural.
"Isso serve de incentivo para práticas responsáveis, pois resultam em boas vendas. Além de usarmos tingimento a laser, temos um programa de redução de água e produtos químicos que diminuiu em 95% o consumo dos recursos naturais", conta Ray.
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