Sem água e papel nas delegacias, policiais do Rio param por oito horas
Divulgação | ||
Policiais civis fazem ato no aeroporto internacional do Galeão, na Ilha do Governador |
Sem água, papel higiênico e tinta para impressão de boletins de ocorrência nas delegacias, policiais civis do Rio decidiram paralisar nesta segunda-feira (27) suas atividades por oito horas.
De acordo com o presidente do Sindelpol (Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio), Rafael Barcia, nenhuma investigação será conduzida pelos delegados entre 8h e 16h desta segunda. Apenas casos graves, como homicídios, terão andamento. "Estamos numa situação limite", disse Barcia.
A paralisação, que inicialmente envolveria apenas delegados, teve a adesão de inspetores, que também cruzaram os braços. O corte de gastos no Estado afetou o dia a dia das delegacias. Na 9ª DP (Catete), moradores da região doaram papel higiênico para ajudar policiais. A unidade já havia sido fechada pela Vigilância Sanitária por falta de condições de trabalho.
A falta de recursos também impede a impressão de boletins de ocorrência e de outros documentos administrativos. Em algumas unidades, faltam toner de tinta para impressora e papel. Em outras, até o fornecimento de água foi cortado.
Na sexta-feira (24), o delegado Ronaldo Oliveira, chefe das Delegacias Especializadas, reclamou da impossibilidade de usar helicóptero na perseguição ao traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, conhecido como Fat Familiy. A aeronave teve a manutenção cortada, sendo impedida de voar.
Algumas viaturas também estão paradas por falta de manutenção e combustível. Dos seis blindados da Polícia Civil, apenas três ainda funcionam. A outra metade não tem mecânico para reparos.
Na Cidade da Polícia, local que concentra as delegacias especializadas da instituição, na zona norte do Rio, delegados e inspetores cruzaram os braços na manhã desta segunda. Há relatos de outras delegacias fechadas.
No aeroporto internacional do Galeão, na Ilha do Governador, agentes estão no desembarque de passageiros com uma faixa que diz, em inglês: "Bem-vindo ao inferno. Policiais e bombeiros não são pagos. Qualquer pessoa que vier para o Rio não estará segura".
Assim como todos os servidores do Estado, os delegados da Polícia Civil estão com parte dos salários em atraso. O governo ainda deve R$ 468 milhões aos funcionários estaduais.
"O consenso é que a principal reivindicação neste momento de crise é receber o pagamento integral e no início do mês, como era antes do decreto do governo estadual que mudou a data", diz o Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, em comunicado oficial.
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