Ministro de Temer dá aval para mudar sede da Ceagesp para espaço privado
O ministro da Agricultura do governo Michel Temer (PMDB), Blairo Maggi, afirmou à Folha nesta quinta (14) que dará prosseguimento à proposta de levar a sede da Ceagesp, hoje na zona oeste de São Paulo, para a zona norte, como defende a gestão Fernando Haddad (PT).
"Estou vendo essa discussão. Vamos na direção de apoiar a iniciativa de um novo espaço privado para uma futura Ceagesp", disse. Com isso, Maggi desautorizou a posição do novo presidente do entreposto comercial, Antonio Carlos do Amaral Filho, indicado pelo PP ao governo Temer. Amaral disse na quarta (13) à Folha que a iniciativa "não interessa".
"Se estão pensando que eu vou fechar uma empresa com faturamento de R$ 2,5 bilhões por ano e transferir para a iniciativa privada, me parece loucura", afirmou Amaral Filho. Em nota, ele informou nesta quinta que vai "cumprir e administrar adequadamente" aquilo que for decidido.
O ministro disse que a ideia conta com a aprovação de Temer. Afirmou que a atual sede, na Vila Leopoldina, demandaria altos investimentos para melhorias. "O governo não tem esse recurso e não fará essas mudanças necessárias. Se não vai fazer, tem que apoiar alguém que o faça. O Estado continua sendo o regulador, mas tem que criar espaço."
Administrada pela União, a Ceagesp fica numa área de 700 mil m² e, diante do tráfego de caminhões, virou ponto de degradação em uma região valorizada por empreendimentos de alto padrão.
Maggi disse que o governo pretende encampar uma solução intermediária, que funcionaria até que a transferência de local e gestão fosse concluída. Os comerciantes poderiam autogerir setores específicos, como segurança. Assim, teriam como encontrar serviços mais baratos. "Existe uma proposta dos que usam o espaço de fazer uma auto-gestão. Estamos estudando isso também. Não vamos fazer tudo de uma vez só, mas podemos implementar essas mudanças aos poucos."
Haddad divulgou na quarta a proposta alternativa à atual Ceagesp, sob a justificativa tanto de revitalizar a área como de diminuir a circulação de caminhões nas marginais Tietê e Pinheiros. Passam pelo entreposto diariamente 12 mil veículos.
Haddad diz que, se houver a transferência da Ceagesp num prazo de até cinco anos e para uma área dentro da capital, a prefeitura abriria mão, em favor da União, de recursos que são pagos por empreendimentos privados na Vila Leopoldina para construir acima do limite básico.
A mudança de local tem apoio de parte dos comerciantes, para quem a nova área poderia ter custo mais barato de condomínio, além de ficar mais perto de rodovias. Outra parte é crítica da ideia, teme novas despesas e a possibilidade de um novo espaço não ter infraestrutura suficiente.
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MUDANÇAS NA CEAGESP
Comerciantes querem deslocar entreposto para terreno na zona norte
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Como é hoje
A Ceagesp é administrada pelo governo federal, que é dono do terreno
O que comerciantes querem
Uma gestão privada, em um terreno particular
Argumentos dos comerciantes e prefeitura
> Novo terreno é maior
> Ele fica perto de rodovias e ferrovia, reduzindo custos
> Caminhões seriam retirados da área urbana
> Instalações seriam mais modernas
Argumentos da Ceagesp
> A proposta não foi apresentada à administração
> Uma eventual mudança deve ser discutida com a sociedade
> Há filas de comerciantes para atuar no local, que é lucrativo
> Os vendedores podem construir um novo entreposto privado se quiserem
VAIVÉM
1969
Ceasa e Cagesp se fundem, criando a Ceagesp
1997
A companhia é vinculada ao Ministério da Agricultura. No mesmo ano, ela entra no Programa Nacional de Desestatização (PND)
1998
Um escritório de arquitetura cria projeto que prevê a transferência da Ceagesp para as rodovias Bandeirantes ou Anhanguera
2001
O governo estadual fala em deslocar o entreposto para perto do Rodoanel, alegando que o local estava ultrapassado
Mar.2015
A Ceagesp sai do PND no governo de Dilma Rousseff, por meio de um decreto presidencial
Jul.2016
Comerciantes apresentam projeto à prefeitura para mudar a companhia de lugar
50 mil pessoas circulam diariamente pelo entreposto da capital; 3.500 carregadores trabalham no local
1.500 municípios, 22 Estados e 19 países entregam produtos para serem vendidos ali
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