Com medo de novas rebeliões, Estados transferem presos e mudam segurança
Depois da terceira grande rebelião no sistema prisional neste ano, Estados brasileiros aumentaram a segurança e intensificaram transferências para evitar novos motins.
Em Alagoas, o governo removeu cerca de mil presos nos últimos dois dias, para "prevenir conflitos e evitar mortes", colocou o Bope (Batalhão de Operações Especiais) dentro dos presídios e pediu a transferência de 20 líderes criminosos para penitenciárias federais.
Lá, membros do PCC e do Comando Vermelho rivalizam entre si. O governo estadual diz estar agindo para prevenir a "guerra declarada de facções que assola o país".
"O comentário é que havia uma possibilidade real de acontecer algo no domingo, mas o Estado agiu a tempo e fez um trabalho de inteligência", diz o advogado Ricardo Moraes, membro do Conselho Penitenciário Estadual e da comissão de Direitos Humanos da OAB-AL.
SINDAPEN/AFP | ||
Governo de Alagoas transferiu 480 presos após terceiro massacre em prisões do país neste ano |
O Paraná, onde houve uma fuga de presos do PCC no domingo (15), com explosão de muro e perseguição policial, suspendeu as visitas em todas as unidades do Estado e intensificou as revistas. Não há indícios de rixa entre facções no Estado, mas o governo está em alerta.
"Há uma tensão porque o clima nacional é favorável a motins, coordenados ou isolados, ainda que por motivos diferentes", diz a advogada Priscilla Placha, da comissão de Prerrogativas da OAB-PR. "É uma nuvem que paira e que não há como descartar."
No Rio, a Secretaria de Administração Penitenciária transferiu cerca de 300 detentos dentro do Complexo de Bangu, ainda na primeira semana de janeiro, para evitar conflitos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio, Wilson Camilo, um racha na facção Amigos dos Amigos motivou a transferência. O motivo, segundo ele, foi discordância interna sobre a aliança da ADA com o PCC. A Seap não comenta o tema por motivos de segurança.
Vizinho ao Rio Grande do Norte, o Ceará também fez transferências no início do ano, um dia depois da rebelião em Manaus, para "desarticular lideranças e prevenir conflitos". Membros do PCC e do Comando Vermelho disputam espaço nos presídios estaduais, que abrigam 21 mil detentos –e têm apenas 13 mil vagas. O governo, porém, diz que não houve indícios de rebelião até aqui.
A Bahia afirma estar "em alerta". O Estado enfrentou uma fuga de presos nesse fim de semana, e convive com uma briga entre duas facções locais: o Comando da Paz e o Bonde do Maluco (aliados do PCC), segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários.
O governo mobilizou batalhões especiais da PM para monitorar o maior complexo penitenciário do Estado, em Salvador, a fim de evitar confrontos. Segundo a secretaria da Administração Penitenciária, até agora, não há indicativos de rebelião. "Mas o sistema penitenciário é muito sensível; estamos atentos e preocupados", diz o major Júlio César dos Santos, superintendente de gestão prisional.
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