Na contramão do país, divórcios crescem na região de Ribeirão Preto
Na contramão do registrado em todo o país, as dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) apresentaram alta no número de divórcios de 4,3% em 2013, em comparação com o ano anterior.
Os dados são das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas nesta terça-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos cartórios da região, foram realizados 4.402 divórcios no ano passado, ante os 3.875 de 2012.
Enquanto isso, em todo o país, os divórcios caíram 4,9%, de 2012 para 2013, totalizando 324,9 mil.
Em Ribeirão, maior cidade da região, os divórcios tiveram alta de 17% no período: passaram de 1.201 para 1.410 casos, segundo os dados.
Foi Araraquara (a 273 km de São Paulo), no entanto, a cidade que mais registrou aumento nas dissoluções de casamentos: 68%.
De acordo com o advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito da Família), uma das explicações para o índice é a nova lei do divórcio, de 2010.
Até aquele ano, para o divórcio era necessário que fosse feita, primeiro, a separação judicial, tornando o processo lento.
A empresária Beatriz Diniz, 32, se divorciou em julho do ano passado após cinco anos de casada.
Edson Silva/Folhapress | ||
O empresário Sanderson Ferreira casou com o sócio Andy Gallego numa festa para amigos e a família |
"Percebemos que não estávamos mais felizes. Não havia mais motivos [para o casamento]", disse.
Como não têm filhos, a decisão do casal foi menos dolorida, segundo ela.
Para especialistas, a valorização da individualidade dentro do relacionamento também explica o aumento dos divórcios.
"As pessoas perceberam que, dentro de um casamento, cada um precisa do seu espaço e não viver em função das metas do outro", disse Fábio Scorsolini-Comin, professor de psicologia da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro).
Segundo ele, o desenvolvimento econômico da região de Ribeirão Preto e a independência financeira da mulher podem influenciar nos pedidos de divórcio.
MENOS CASAMENTOS
Álvaro Villaça Azevedo, professor de direito civil da USP, afirmou que a tendência do casal moderno é o "desapego às formalidades".
Por este motivo, segundo ele, há uma maior preferência pela união estável –o que explica um aumento de apenas 0,6% nos casamentos na região, segundo ele.
O crescimento foi inferior à média nacional, de 1,1%.
Para a psicóloga Marilene Krom, doutora em psicologia clínica e especialista no tema, a tendência é que as pessoas morem junto para depois decidirem sobre o casamento.
Segundo ela, esse tipo de união é interessante porque testa a convivência do casal.
"A realização afetiva sempre será procurada", afirmou.
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