Robôs são parceiros do médico na sala de cirurgia
A tecnologia não substitui o médico, mas provoca reviravoltas em sua carreira. Robôs já auxiliam em cirurgias, que também podem ser monitoradas a distância com a ajuda da telemedicina --união de recursos tecnológicos de ponta com a telecomunicação.
A cirurgia robótica é um avanço da intervenção minimamente invasiva, a laparoscopia, e hoje é usada principalmente em urologia (câncer de próstata), em ginecologia (endometriose) e na cirurgia bariátrica (para a obesidade).
Rafael Hupsel/Folha Imagem |
O médico e o robô - O ginecologista Maurício Abrão, 45, do hospital Sírio-Libanês, fez dois treinamentos para dominar o robô Da Vinci --um no Hospital de São Francisco, na Califórnia, e outro no da Universidade de Hackensack, em Nova Jersey (ambos nos Estados Unidos). Lá, ele assistiu a cirurgias feitas com o robô e hoje troca informações com os colegas norte-americanos. No Brasil, já fez uma cirurgia com ele, de endometriose. |
A técnica permite cortes menores e movimentos mais precisos do cirurgião, tornando a recuperação do paciente menos dolorosa e mais rápida.
"Para alguns especialistas, não estudar robótica vai significar não fazer cirurgia", afirma Paulo Chapchap, superintendente de desenvolvimento do hospital Sírio-Libanês, que fez neste ano a primeira cirurgia usando um robô no Brasil.
Trata-se do Da Vinci, equipamento com quatro "braços" que carregam uma câmera e vários instrumentos cirúrgicos. O cirurgião comanda os "braços" a partir de um console e visualiza o local da operação numa tela de vídeo com imagens aumentadas e em 3D.
No futuro, Chapchap crê que o Da Vinci também será usado em maior escala na retirada de tumores e na cardiologia.
Como a robótica médica é recente no Brasil, os profissionais costumam buscar especialização no exterior, principalmente nos Estados Unidos.
Por aqui, o Sírio-Libanês pretende inaugurar em breve o seu Centro de Desenvolvimento e Treinamento em Cirurgia Robótica, o primeiro da América Latina, e treinar 450 médicos até o fim deste ano.
Para dar início às aulas, o hospital espera a chegada de um segundo robô --a idéia é que, no futuro, a robótica seja incluída nas residências.
"[O Da Vinci] não vai substituir toda a cirurgia, mas, sem dúvida, será um grande avanço para alguns pacientes", afirma Chapchap. "Já é a melhor técnica para o tratamento de câncer de próstata", diz ele.
A distância
Já no caso da telemedicina, avanços como os da televisão a cabo e digital e a banda larga estão se mostrando cruciais.
"A tecnologia está provocando a reengenharia da saúde", diz Chao Lung Wen, coordenador do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro do Comitê Executivo de Telemedicina e Telessaúde do Ministério da Saúde.
Wen acredita no crescimento do "telehomecare" (monitoramento remoto de pacientes). "Tornou-se possível interagir com os serviços de saúde", conta. Sua visão do futuro inclui "teleambulatórios" de várias especialidades.
Saiba mais
Sobre robótica:www.intuitivesurgical.com/index.aspx (fabricante do Da Vinci); www.globalroboticsinstitute.com/en/urology-robotic-prostatectomy (departamento de robótica do Florida Hospital); e http://news-service.stanford.edu/news/2005/august24/med-robotic-082405. html (hospital da Universidade de Stanford)
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