Distribuir alunos pelo país é desafio de plano para a pós-graduação
Cinco planos nacionais voltados para a pós-graduação já se passaram desde a década de 1970, mas a quantidade de estudantes nesse nível continua distribuída de maneira desigual pelo país.
Agora, na metade do sexto PNPG (Plano Nacional de Pós-Graduação), que vai guiar as políticas públicas na área até 2020, um dos principais desafios continua sendo o mesmo: distribuir melhor programas e alunos pelo país.
Traduzindo em números: dados da Capes (órgão federal responsável pela pós-graduação acadêmica) mostram que Acre e Roraima não tiveram nenhum doutor titulado em 2014. Para efeito de comparação, as instituições de São Paulo titularam 6.130 doutores no mesmo ano.
A situação melhorou, porém, em relação a 2004, quando sete Estados não graduaram ninguém nesse nível.
A formação acadêmica é importante para a ciência do país, pois credencia os alunos para diversas áreas da pesquisa tecnológica.
CRESCER
Justamente por isso uma das metas mais claras do PNPG, que foi publicado em 2011, é o aumento do número de mestres e de doutores formados por ano. Outros pontos importantes do documento tratam do incentivo à internacionalização e aos cursos multidisciplinares.
O problema é que, sem doutores locais, pesquisas com interesse regional podem não chegar a existir.
"As regiões que mais precisam de preservação da biodiversidade quase não têm pesquisadores", exemplifica Tamara Naiz, presidente da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos).
No Amazonas, apenas dez doutores se formaram na área de biodiversidade em 2014. Só o campus de Botucatu (SP) da Unesp (Universidade Estadual Paulista) formou o dobro no mesmo período.
As desigualdades, no entanto, não aparecem apenas quando se compara São Paulo –responsável por metade da pesquisa nacional– à região amazônica.
De acordo com Jorge Luis Nicolas Audy, coordenador da comissão de acompanhamento do PNPG, criada pelo MEC, a ideia da proposta é reduzir também as assimetrias dentro das regiões.
Modalidade dos curso de pós-graduação
"Temos desigualdades importantes num mesmo Estado", diz. A maior parte das atividade científica fica concentrada nos principais campi, em geral nas capitais ou grandes cidades do interior.
Para Elizabeth Balbachevsky, especialista em políticas públicas de educação da USP, o novo PNPG é "bastante sensato" e faz um diagnóstico realista da pós-graduação.
Há, no entanto, uma ressalva: o documento foi elaborado antes dos atuais problemas econômicos no país.
"Claro que o PNPG não previa o impacto desagregador da crise que enfrentamos", diz. Com menos dinheiro para pesquisa, menos bolsas e expansão da pós congelada, o cenário mudou bastante. "As metas soam um tanto irrealistas."
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