Justiça ordena pagamento de grevistas da USP que tiveram salários suspensos
Joel Silva/ Folhapress | ||
Protesto de servidores, professores e alunos da USP, Unicamp e Unesp, em junho |
A USP (Universidade de São Paulo) deverá pagar imediatamente 460 servidores técnico-administrativos que tiveram dois meses de salários cortados durante a greve este ano. A decisão foi tomada pelo Tribunal Regional do Trabalho que julgou legal, na última quarta (28) a paralisação promovida pelos trabalhadores da instituição entre maio e junho.
Apesar do julgamento favorável à greve, o tribunal não aprovou o reajuste de 12,34% que era reivindicado pelo Sintusp (sindicato dos trabalhadores da USP). Isso porque os desembargadores seguiram uma orientação de jurisprudência que limita casos de dissídio coletivo envolvendo empresas públicas, como a universidade.
"Nós ficamos muito surpresos pois o mesmo tribunal nos concedeu o último reajuste pedido, em 2014, e agora diz que não é competente para julgar o pedido", afirma Magno de Carvalho, diretor do sindicato. Segundo Carvalho, o sindicato convocará uma assembleia para decidir se recorrerá ou não da decisão judicial.
Procurada pela Folha, a assessoria da USP não quis se manifestar sobre o assunto.
GREVE
Os funcionários da universidade anunciaram que entrariam em greve por tempo indeterminado em maio deste ano. Eles protestavam contra o desmonte da instituição, contra o arrocho salarial e contra o fechamento de leitos no Hospital Universitário. O Sintusp pedia um reajuste nos pagamentos de 12,34%, 2% acima da inflação FIPE, além do reajuste do benefício de vale refeição e auxílio alimentação, que estão congelados há três anos, segundo o sindicato.
A greve dos funcionários técnico-administrativos durou 67 dias. Houve duas audiências de conciliação na Justiça entre a universidade e o Sintusp, mas ambas terminaram sem acordo. A reitoria ofereceu reajuste de 3% aos funcionários, índice inferior a inflação do período.
"Ficamos sozinhos na greve e com funcionários sem salário pelo segundo mês consecutivo, passando até fome", disse Carvalho à Folha, em julho, quando o Sindicato votou pelo encerramento da paralisação.
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