Brasil patina em plano de metas para a educação, e gestão Temer culpa Dilma
Nas piores posições nas avaliações internacionais de alunos, o Brasil patina na execução de metas do PNE (Plano Nacional de Educação), que tem o objetivo de elevar a qualidade do ensino.
Discutidos por anos no Congresso, os objetivos que constam do documento tratam de temas como financiamento, organização dos sistemas de ensino e inclusão de crianças na escola.
No total, são 20 metas, com 254 estratégias associadas e 14 artigos que dizem o que país deveria fazer na área.
Os compromissos têm prazo escalonado até 2024. Trinta deles tinham como data-limite os anos de 2015, 2016 e 2017, mas, desses, apenas seis foram cumpridos, de acordo com estudo do Observatório do PNE, que reúne organizações da área.
Entre os itens não cumpridos, está o que prevê a inclusão de todas as crianças de 4 a 17 anos na escola (veja outros ao final). Segundo dados de 2015, ainda havia 2,5 milhões nessa faixa etária não matriculados.
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Sala de aula de educação infantil |
Para financiar a inclusão das crianças e elevar os índices de qualidade de ensino, o plano previa a definição de um valor mínimo por aluno, o CAQ (Custo Aluno Qualidade). O Conselho Nacional de Educação chegou a definir um valor, mas a decisão final está parada no MEC (Ministério da Educação), que diz estar ainda atualizando os estudos sobre o tema.
Outra meta atrasada é a da instituição, até 2015, de uma Lei de Responsabilidade Educacional, que puniria gestores que não cumprissem os compromissos legais estabelecidos para a área. Há propostas nesse sentido em tramitação no Congresso, mas nenhuma obteve aprovação final.
Também não foi adiante a instituição de um Sistema Nacional de Educação, que distribuiria responsabilidades entre as esferas municipal, estadual e federal.
EXPLICAÇÕES
Entre as razões elencadas para as metas do PNE não terem sido alcançadas, está a crise econômica. "Quando o plano foi aprovado, havia a expectativa de usar uma parte da receita e royalties do petróleo", diz a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro.
Em nota, o governo Michel Temer (PMDB) culpou a gestão Dilma Rousseff (PT), de quem ele era vice-presidente.
"A atual gestão —que assumiu em 13 de maio de 2016— recebeu o MEC com o descumprimento de todas as metas do PNE para 23 de junho de 2016 e praticamente todas as estratégias contidas no plano mal encaminhadas. Entre as ações da gestão anterior, foi possível encontrar programas sem planejamento, sem controle e com resultados insatisfatórios", disse o Ministério da Educação em nota.
Organizações não governamentais defendem um planejamento estratégico para definir um caminho para alcançar as metas.
O ex-ministro da Educação Aloísio Mercadante afirmou em nota que o PNE representou uma conquista histórica da educação brasileira e que, em sua gestão, o MEC criou um escritório de processos, responsável pelo detalhamento de metas e estratégia, estipulando os prazos e responsáveis pelos resultados.
Ele destaca ainda que a criação do PAR (Plano de Ações Articuladas), que permitiu o alinhamento das metas e que já tinha a adesão de mais de 5.000 municípios, 23 Estados e o DF ao término do governo Dilma, em maio de 2016. Outras instâncias fundamentais de pactuação também foram criadas e tiveram funcionamento regular durante o governo Dilma.
A jornalista viajou a convite da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação)
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ALGUMAS METAS QUE NÃO FORAM CUMPRIDAS NO PRAZO
1. Incluir todos os adolescentes de 15 a 17 anos na escola até 2016
Jovens de 15 a 17 anos matriculados, em % -
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2. Elevar a alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015
Taxa de alfabetização dessa faixa etária, em % -
-
3. Garantir condições para a efetivação da gestão democrática da educação até 2016
Forma de escolha do diretor - Em % de escolas (2015)
Conselho escolar - Em % de escolas (2015)
Fonte: Observatório do PNE
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