Em Veranópolis, idosas criam cardápio de restaurante com receitas antigas
O antigo conselho de "ouvir os mais velhos" foi levado ao pé da letra pelo empresário Juliano Brandalise, 31, ao assumir um restaurante quase falido oito anos atrás em Veranópolis (RS).
O local não poderia ser melhor, mas a comida do empreendimento–que tem quase 80 metros de altura, é giratório e com vista de 360 graus para a Serra do Rio das Antas– não possuía identidade com o lugar.
A primeira providência de Brandalise, nascido em Veranópolis, foi chamar um grupo de 60 idosas da cidade e discutir com elas a elaboração de um novo cardápio para o restaurante.
"As nonas nos trouxeram as receitas dos primeiros imigrantes italianos e poloneses, que colonizaram Veranópolis entre o final do século 19 e início do 20", explica. Entre elas estão a massa à bolonhesa, o espaguete à carbonara e o radicci (almeirão) com bacon.
"Tem gente que fala: 'em São Paulo a massa carbonara não é assim'. Explicamos: 'a nossa é assim porque tem uma história, é uma receita típica e legítima do local."
As idosas também ajudaram na decoração do restaurante, com fotos e objetos familiares antigos, além de toalhas de cores vivas. "Não existe toalha branca aqui." A nova proposta agradou a freguesia e hoje o local é o mais visitado da cidade.
Para o Alexandre Kalache, especialista em envelhecimento, a experiência mostra a importância de a sociedade valorizar os mais velhos.
"A sociedade deveria replicar o que o restaurante fez na prática: buscar a voz do idoso, valorizar a sua sabedoria. Quem se beneficiou? O restaurante, que atraiu mais clientes, o município que arrecadou mais impostos. É uma corrente do bem."
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